Você está em Artigos

Jogos Lúdicos na Sala de Aula (página 3)

Com relação ao aspecto lúdico da educação temos John Dewey, filósofo norte-americano que critica a educação como mera transmissão de conhecimentos, cultivado pelas escolas e propõe uma aprendizagem por meio de jogos, criticando aqueles que utilizam a atividade lúdica como simplesmente uma excitação física. Dewey (1978, p. 69), afirma que há duas qualidades de prazer: o aspecto pessoal e consciente de uma energia em exercício, que pode ser encontrado onde haja um desenvolvimento pleno do indivíduo. Esse prazer é sempre absorvido, na própria atividade com que se identifica. É o prazer que acompanha o interesse autêntico e legítimo. Sua fonte é, no fundo, uma necessidade do organismo. E uma outra qualidade de prazer é o prazer em si mesmo, não de uma atividade, simplesmente, "o prazer que nasce de um contato, filho de nossa receptividade". Como já dissemos é inerente à condição humana.

Assim, o papel do professor e sua maneira de conduzir as atividades em sala de aula constituem o núcleo de um ensino voltado para o pensamento. Essa estratégia desenvolve os processos operativos de pensamento, e, para isso é necessário que os professores ouçam seus alunos, que os respeitem como pessoas únicas. O principal é que os alunos tenham oportunidades para pensar, pois, quando pensamos, temos idéias, experimentamos e, mesmo nos erros, esses processos e operações de pensamento devem ser valorizados, pois possibilitam aos alunos aprenderem a pensarem sobre os erros.

Na concepção piagetiana, os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas gerando, ainda, um sentimento de prazer pela ação lúdica em si e pelo domínio sobre as ações. Portanto, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança. (FARIA)

Segundo Vygotsky, o lúdico influência enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Percebe-se, portanto, que tanto o conceito de jogo como de infância são estabelecidos culturalmente. Desse modo, entendemos o jogo como uma atividade lúdica em que crianças e/ou adultos participam de uma situação de engajamento social num tempo e espaços determinados, como características próprias delimitadas pelas próprias regras de participação na situação "imaginária" (LEAL, 2005).

O professor não deve tornar o jogo algo obrigatório. Deve buscar sempre jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias, estabelecer regras que possam ser modificadas no decorrer do jogo, trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la, e analisar as jogadas durante e depois da prática.

Para Leal (2005), um desses aspectos é que "a abordagem sócio-histórica do desenvolvimento tem sido uma das principais referências para esses estudiosos". Moura (2003), afirma que os jogos passaram a ser considerados nas práticas escolares uma importante ferramenta para o processo de aprendizagem.

As teorias sócio-construtivistas concebem o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, onde as crianças não são passivas, nem meras receptoras das informações que estão a sua volta. "Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o motorista, jogando estes papeis em situações variadas" (OLIVEIRA, 1992:57). A brincadeira possibilita a investigação e a aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo. Através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, com a interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a auto-estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem.

O professor que entende o seu papel como formador, mediador, precisa agir, mudar o rumo de suas aulas. Intervir menos, deixar acontecer o desequilíbrio para depois mediar, e que o equilíbrio seja natural. Que as respostas fluam porque o caminho foi aberto e o professor deve proporcionar esses momentos.

Sabe-se que a quantidade de operações realizadas pela criança ao longo de um jogo é imensamente maior do que poderia realizar operando em propostas fechadas, dirigidas pelo professor.

Associamos o lúdico ao sentimento de prazer, do prazer em se fazer, realizar algo, de gostar de fazer, da alegria do contentamento.

Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Jogos Lúdicos na Sala de Aula" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 27/04/2024 às 16:54. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/jogosludicospedagogicos/index.php?pagina=2