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O Ensino da Matemática nas Classes de Alfabetização: Como é? Como deveria ser? (página 5)

OS ALEGRES ANÕEZINHOS
Os alegres anõezinhos trá lá lá lá lá lá
Dão passinhos pequeninos trá lá lá lá lá lá
E o gigante de pé enorme (grande) lá lá lá
Dá passo bem grande (grandão) lá lá lá lá.

Muitas outras músicas podem existir e servirem para trabalhar conceitos matemáticos com as crianças da educação infantil. E ainda resgatar as cantigas de roda, as parlendas e diversas formas de manifestações folclóricas que parecem esquecidas pela sociedade capitalista na qual vivemos. Valorizar o mundo infantil dos pequenos é possibilitá-los crescimento e autonomia. Sem contar que o professor pode aproveitar para estimular as relações de amizade, compromisso, sinceridade, respeito... E ainda investigar as atitudes e os valores dos educandos. Trabalhando sempre com o corpo, realizando gestos com o ritmo das músicas.

3.3. A Matemática Como Instrumento do Desenvolvimento Cognitivo

Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, Houaiss, cognição é a capacidade de adquirir conhecimento. E, mediante estudos psicológicos, todas as pessoas possuem essa capacidade e por isso são chamadas de animais racionais, pois pensam e podem utilizar os conhecimentos que têm para encontrar respostas ou soluções para os problemas que vivenciam. Não desistem. São persistentes e procuram sempre a realização.

Resolver problemas é um meio para desenvolver nas pessoas a cognição. A Matemática traz da vida situações em que as pessoas devem estimular a mente, devem aguçar a capacidade de adquirirem conhecimentos.

Quando uma criança de 3 anos de idade ou menos começa a manipular um lápis, ela já está enfrentando uma situação ampla, cheia de obstáculos: aperfeiçoar a motricidade para sustentar o lápis na posição correta para escrever suas primeiras noções de mundo, suas iniciais representações da vida. As barreiras só vão aumentando com o passar dos dias. Desde o amanhecer até o anoitecer ela passa por situações que lhe exige atenção, coragem e determinação. É por isso que a Matemática está sempre estimulando essas capacidades e assim ela se faz necessária para o desenvolvimento cognitivo das pessoas. "Um dos principais objetivos do ensino da Matemática é fazer a criança pensar. Toda situação, pergunta, quebra-cabeça ou atividade que faz pensar é um problema" (DANTE, 1996, p. 222).

O grande cuidado deve está em selecionar os problemas. Como criar situações em que irão favorecer o desenvolvimento da mente e a aquisição do conhecimento? Que tipos de exercícios podem ser oferecidos aos alunos para que eles produzam e trabalhem a criatividade, a psique?

Todos os problemas apresentados pelo professor devem estar no nível dos alunos, e por conseqüente, devem buscar ampliar cada vez mais o estágio em que os discentes se encontram; ter sempre em mente situações que os alunos possam resolver sozinhos e outras em que só podem encontrar os resultados grupalmente. Procurar alcançar a independência e a troca de experiências é um dos porquês da existência dos problemas.

[...] O problema não é rotina, mas também não pode ser impossível: é proximal. Os problemas fazem dar um passo à frente. Alguns são proximais para o aluno e ele pode resolver sozinho na sala ou em casa, promovendo a própria maturação. Outros são muito difíceis para o aluno, mas são proximais para o grupo de alunos, promovendo maturação e socialização. Nos problemas, a Matemática passa a ser um meio e não um fim. É o momento da troca de idéias, da discussão, da defesa de idéias, mas aprendendo a abandoná-las, se for necessário [...] (NETO, 2001, p. 191)

A sociabilidade, a capacidade de entender o outro e respeitar suas manifestações fazem parte do ensino da Matemática, pois ao pensar e entender a importância das contribuições de cada cultura, de cada geração para os avanços da Matemática e assim do progresso da humanidade, as pessoas podem amadurecer o que hoje é tão almejado: o uso da tolerância. As pessoas devem aprender a trabalhar a tolerância, a mediação entre as diversas culturas e usar de forma eficiente e comunitária os conhecimentos que elas produzem, pois esses conhecimentos, como diz Dante (1998, p. 26), estão submetidos a um contexto: "em todas as culturas e em todos os tempos, o conhecimento, [...], está subordinado a um contexto natural, social e cultural".

4. A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA E DO JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Quem nunca se divertiu em uma roda de amigos, nunca "jogou conversa fora", jamais brincou ou participou de algum jogo? Como é satisfatório para o corpo e a mente exercitar os músculos faciais rindo, se divertindo.

Se para os adultos é ótimo reservar um tempo para o lazer, imagine para as crianças. Elas que se encontram durante uma brincadeira, se emocionam na realização de jogos e superam desafios indo além do esperado e transpondo barreiras. Sem contar no desenvolvimento da motricidade, dos sentidos e de outros elementos que a constituem ou possam vir a fazer parte do seu caráter.

Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. (OLIVEIRA, 2002, p. 160)

A criança naturalmente brinca para extravasar energia, para conhecer-se e ao outro com quem está em permanente interação, para entender normas de comportamentos e hábitos próprios de sua cultura, para desenvolver a linguagem, para conhecer fatos, eventos e outras finalidades.

Contudo brincar por brincar, jogar por jogar, não leva ao desenvolvimento que se espera na educação, apesar de que, quando as crianças brincam sozinhas ou sem orientação elas conseguem expor hábitos e/ou costumes vivenciados e aprendem algo.

Entretanto é esse algo que se objetiva, pois o que se quer é entender, através da observação, suas manifestações para poder ajudá-la a superar limites, a estimular a auto-estima, a respeitar opiniões, a refletir sobre causas e consequências e progredir cognitivamente.

O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto objetivando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário que haja uma intenção educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são decorrentes.

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Como referenciar: "O Ensino da Matemática nas Classes de Alfabetização: Como é? Como deveria ser?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/05/2024 às 10:27. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao/index.php?pagina=4