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Conceitos Matemáticos Inseridos na Educação da Primeira Infância: Diagonais que Perpassam o Desenvolvimento dos Pequenos Estudantes (página 3)

Não importa a filiação teórica que os estudiosos em educação matemática se encontram, é tendência internacional e assim de todos os educadores matemáticos que a exploração matemática na educação da primeira infância deve se manifestar em três campos: o espacial, que desenvolverá o estudo da geometria; o numérico, que estará alicerçando o estudo da aritmética; e o campo das medidas, que se transformará em ponte para integrar a geometria com a aritmética (LORENZATO, 2006).

Contudo, para que os três campos conceituais em matemática sejam desenvolvidos com qualidade na educação da primeira infância é preciso que as crianças aprendam noções básicas acerca de:

          

Organizada pelo autor a partir de Lorenzato, 2006.

Ainda há os conceitos físico-matemáticos que possuem relação direta com essas noções básicas e com os campos matemáticos. Os conceitos físico-matemáticos abrangem toda e qualquer noção básica que os pequenos precisam aprender durante sua estada na educação da primeira infância e ajudam a desenvolver os três campos matemáticos. Estes conceitos físico-matemáticos são:

                                

Organizada pelo autor a partir de Lorenzato, 2006.

Segundo Lorenzato (2006), para o docente propiciar o desenvolvimento desses conceitos físico-matemáticos, das noções básicas e dos três campos matemáticos na criança, faz-se necessário que o educador conheça os sete processos mentais básicos para a aprendizagem da matemática. Estes processos não estão ilhados, nem tampouco pertencem a um círculo que tem começo e fim; eles perpassam todas as áreas do conhecimento que estão inseridas na educação da primeira infância. Por isso, caso o educador não possua, como diz Pereira (2007), um olhar plural ele nunca compreenderá as possibilidades de construção de uma aula completa e rica, sempre desenvolverá uma aula fragmentada. Por esse motivo, compreendamos cada um dos processos mentais básicos para a aprendizagem da matemática.

A correspondência é o primeiro deles. Nela se estabelece a relação um a um; chamamos ainda de correspondência biunívoca. Muito utilizada nos primeiros anos da educação das crianças e que as ajudará a compreender situações matemáticas que permeiam a vivência social e econômica desse aprendente. Na relação biunívoca é importante que o docente tenha em mente que ela só se concretiza porque há elementos suficientes em cada conjunto para realizar a ligação entre eles, isso não quer dizer que não possa aparecer elementos em um dado conjunto que não tenha seu respectivo em outro conjunto. O que não pode ocorrer é conjuntos vazios se relacionando com outros conjuntos não vazios. 

O segundo procedimento mental é a comparação, a qual faz o estudante estabelecer diferenças e semelhanças entre grandezas, medidas, lugares e tantos outros conceitos físico-matemáticos.  Comparamos tamanhos, formas, locais e pessoas constantemente, o que não se distancia das comparações matemáticas, uma vez que comparar é visualizar o que, a nosso gosto, é bom ou ruim, estar de acordo com o que pensamos ou não. Estes detalhes que muitas vezes não são percebidos pelos profissionais da educação causam tumulto e desordem nas atividades que as crianças realizam, em especial nas brincadeiras e nos jogos. Então desenvolver este procedimento mental com as crianças não é apenas favorece a elas o contato com materiais, objetos em que elas possam comparar as medidas, as grandezas e os locais, é estimular o entendimento do meio social no qual vivemos, desenvolvendo a oralidade e a capacidade de argumentação, sem esquecer-se do respeito ao demais e de si mesmo e assim entender os sentidos impregnados no nosso discurso (MOYSÉS, 1997). 

O processo seguinte é a classificação. Este está atrelado ao anterior, pois classificar é o ato de separar em categorias de acordo com as semelhanças e diferenças existentes. Assim o estudante terá um elemento a mais para poder entender as classificações sociais manifestadas em nossa sociedade e não se deixar levar pelos discursos que querem legalizar essas classificações (GENTILI, 2005). Nesse sentido o educador deve observar as diversas variáveis que, subjetivamente, estão incorporadas em nosso discurso, não apenas no ato de ensinar, mas substancialmente nas nossas opiniões carregadas de preconceitos e de generalizações absurdas acerca de algum fenômeno social.

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Como referenciar: "Conceitos Matemáticos Inseridos na Educação da Primeira Infância: Diagonais que Perpassam o Desenvolvimento dos Pequenos Estudantes " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 04/05/2024 às 18:18. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicaprimeira/index.php?pagina=2