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Parece, mas não é. (página 3)


ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR X ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas considerações anteriores, começarei a tecer minhas críticas à ideia cristalizada por Ribeiro (1968) e outros autores mais contemporâneos (ALONSO, 1976) de que Administração Empresarial e Administração Escolar possuem os mesmos fundamentos e especificidades.

Começo por apresentar diferenças entre a natureza dos contextos escolares e empresariais:

 
CONTEXTO EMPRESARIAL
 
  CONTEXTO ESCOLAR
 Produto: lucro, sendo o mesmo mensurável Produto: aluno, sendo parte do mesmo imensurável (conhecimento)
 Relações: impessoais Relações: pessoais
 Rotina: Prevista Rotina: Imprevista
 Regras: Rígidas Regras: Flexíveis
 Resolução de problemas: Rápida Resolução de problemas: lento/burocrático
 Realização do serviço: máquinas Realização do serviço: professores (as)
 Exploração e controle da força de trabalho
 Fornecer educação e aprendizado aos alunos
Fonte: autora baseada em Paro (1986)

Ao reconhecer que Administração Escolar e Administração empresarial "possuem aspectos, tipos, processos, meios e objetivos semelhantes" a Administração Geral "passa a ter validade universal, com métodos, técnicas que, convenientemente adaptados, podem ser aplicados a qualquer tipo de organização", porém a comparação acima mostra este conceito universal de Administração não é verídico afinal  "diferentemente de pregos e parafusos os alunos sentem e falam, colocando a organização escolar em situação peculiar em relação as demais". (PARO, 1986, p. 126).

A diferença das empresas em geral, que visam à produção de um bem material tangível ou de um serviço determinado, imediatamente identificáveis e facilmente avaliáveis, a escola visa a fins de difícil identificação e mensuração, quer devido ao seu caráter, de certa forma, abstrato, quer em razão do seu envolvimento inevitável de juízos de valor em sua avaliação. Outra especificidade da escola diz respeito ao seu caráter de instituição prestadora de serviços, que lida diretamente com elemento humano. Ai o aluno é, não apenas o beneficiário dos serviços que ela presta, mas também participante de sua elaboração. (PARO, 1986, p. 126).

E são esses fins de difícil mensuração que reforçam a ideia da diferença entre a Administração Escolar e a Administração de Empresa, pois na escola a matéria-prima, o aluno, possui características próprias e variadas o que resulta em um atendimento e tratamento diferenciado às suas condições próprias.

Portanto, essa especificidade da Administração escolar decorre do trabalho pedagógico, sendo o âmbito desta produção não material.

Em resposta ao diálogo inicial deste texto, diria ao meu pai que "SIM", quero e posso administrar uma escola porque estou em processo de conhecimento sobre o processo pedagógico que se concretiza no cotidiano de uma organização escolar e que é, por si, totalmente diferente do processo fabril.

Para finalizar, ressalto mais uma vez Anísio Teixeira (1968) que já afirmava na década de 1960:

Há no ensino, na função de ensinar, em gérmen, sempre ação administrativa [...] O administrador escolar não é um capitão, mas um mediador - inovador [...] a tentar coordenar e melhorar - um trabalho de equipe de peritos de certo modo mais responsáveis do que ele próprio pelo produto final da escola ou do ensino. Se alguma vez a função de direção faz-se uma função de serviço e não de mando, esse é o caso do administrador escolar. (TEIXEIRA, 1968)

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Como referenciar: "Parece, mas não é." em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 03/05/2024 às 09:01. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/parece_mas_nao_e/index.php?pagina=2