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A relação Professor-Aluno no Contexto da Psicologia Educacional. (página 2)

2.0 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO SOB UMA PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL

As teorias comportamentais preveem no ensino uma relação entre estímulo e resposta, Watson, um de seus principais autores, defendia que os indivíduos se adaptam aos seus ambientes através de mecanismos hereditários e pela habitualidade, assim o ambiente oferece estímulos que pedem respostas (ações).

Watson realizou experiências com um bebê, Albert, mostrando que ao se aproximar de um rato branco a criança não apresentava medo, mas ao associar a aparição do rato branco à emissão de um som a criança passou a ter medo. Watson é um dos mais importantes dos teóricos behavioristas.

Para os behavioristas a aprendizagem é um processo de mudança de comportamento a partir de novas reações (respostas) que é resultante do processo de condicionamento, educar significa impor condicionamentos ao educando (homem) que é "fruto do meio".
  
Os behavioristas acreditam que o comportamento de um indivíduo pode sofrer um reforço que pode ser negativo (quando diminui a probabilidade de ocorrência de uma reação), ou positivo (quando aumenta a probabilidade de ocorrência de uma reação).
   
Skinner, o mais importante seguidor de Watson no behaviorismo, defendia que a aprendizagem era uma transmissão de conhecimento e cultura. Assim era dever da educação não apenas transmitir conhecimentos, mas também comportamentos, práticas e habilidades, para através do reforço, estimular os alunos a repetirem suas respostas, ou seja, os alunos são "caixas" onde os professores depositam conhecimento.
O behaviorismo prima pela educação mensurável e pelo empirismo.

Nessa escola o objetivo principal da educação é promover mudanças de comportamento em seus alunos, por meio de estímulos externos, que sejam capazes de manter nos indivíduos padrões sociais aceitáveis.

Na perspectiva comportamental caberia ao professor utilizar o reforço para aumentar a probabilidade de ocorrência de uma resposta. Os alunos seriam passivos durante o processo de ensino-aprendizagem, e deveriam ser aptos a responder conforme a proposta do professor. O professor seria portador do conhecimento que deveria ser passado para o aluno.

Assim como o comportamentalismo prevê o empirismo, o professor espera que os alunos atinjam números maiores em desempenho, ou seja, em respostas adequadas.

A aprendizagem behaviorista é um processo de mudança de comportamento, mas essas mudanças não podem ser capazes de desviar os indivíduos de padrões sociais pré-estabelecidos. O professor tem a função de promover a continuidade desses padrões socialmente aceitos por meio de seu conhecimento e garantir a sobrevivência da escola como agência controladora da sociedade e o aluno como receptor passivo de reforços que garantam esta continuidade.

Não há preocupação com o aluno enquanto pessoa humana, e sua relação de interação com a sociedade, para os behavioristas o mundo não pode ser mudado apenas os alunos.

Todo o processo de ensino segue a objetivos programados. Neste processo a avaliação dos alunos serve para o professor verificar se os comportamentos pré-planejados foram adquiridos. O professor será um analisador experimental do comportamento de seus alunos.



3.0 PROPOSTAS COGNITIVISTAS DA EDUCAÇÃO E A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

A abordagem cognitivista ou interacionista da educação tem dois principais representantes: Jean Piaget (Suíça, 1986 - 1980) e Lev Seminovitch Vygotski (Rússia, 1896 - 1934). Ambos desenvolveram suas teorias baseadas na recíproca contribuição do meio e da maturação para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo.

Piaget estabeleceu quatro etapas para o desenvolvimento humano, que ele considerou uma sucessão de equilibrações: a etapa sensório-motora que vai do nascimento até aproximadamente os dois anos de idade e se baseia em percepções sensoriais para a adaptação da criança ao meio; a etapa pré-operatória que tem início a partir dos dois anos e termina por volta dos sete e tem como característica o aparecimento da linguagem oral; a etapa operatório-concreta que segue dos sete aos doze anos de idade é nesta etapa que o pensamento lógico adquire preponderância; e a etapa operatório-formal a partir dos 12 anos até a idade adulta, caracteriza-se pelo pensamento lógico propriamente dito, ou seja, desvinculado da realidade.

As faixas etárias das etapas do desenvolvimento de Piaget, apesar de serem pré-estabelecidas são flexíveis, se referem à média de idade aproximada de prevalência da construção do pensamento.
  
O professor, para Piaget, terá a tarefa de incentivar as criações de seus alunos, fugir da rotina das respostas prontas e já esperadas, comuns na prática behaviorista. Deverá provocar a máxima independência de seu aluno, criar situações-problema que exijam a solução de seus alunos.

O aluno deverá ter o tratamento condizente com a sua fase evolutiva e os conteúdos de ensino devem se adequar ao nível de desenvolvimento do aluno que será um ser ativo no processo de ensino-aprendizagem.
  
O educador, segundo a teoria piagetiana, deverá orientar seu aluno pelo caminho de desenvolvimento adequado as suas fases evolutivas, dando-lhe uma ampla margem de autonomia e confiança em si mesmo e em sua capacidade de solucionar problemas e promover o equilíbrio necessário ao êxito das ações propostas. 

A teoria de Vygotski enfatiza as relações sociais do indivíduo como fator preponderante do desenvolvimento, a linguagem oral, praticamente desde o nascimento, intervém neste processo. Para ele o processo de ensino-aprendizagem necessita de um mediador entre o objeto de aprendizagem e o indivíduo que não será, necessariamente, o professor. A aprendizagem ocorre antes da entrada da criança na escola através de componentes ambientais e da presença do outro, que será o mediador entre a criança e a cultura do meio. A escola será o ambiente formal de ocorrência da aprendizagem uma vez que o ensino se dará de maneira intencional e sistematizada.

Vygotski desenvolveu o conceito de "Zona de Desenvolvimento Proximal", que é a distancia entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Para ele a aprendizagem é um processo social e interativo.

Para Vygotsky o professor será um mediador entre o meio e o objeto de aprendizagem, ele é um parceiro do aluno na tarefa social de aprender e será, junto com o aluno, responsável pelos resultados obtido no processo. O aluno não pode ser visto como um ser não portador de conhecimento por que a própria teoria de Vygotski prevê a aprendizagem contínua que tem início desde a infância.

O mediador será o outro, pessoas com as quais o indivíduo convive ao longo da vida, no início a mãe, a família depois os colegas, pessoas que conviverão com ele nos diferentes ambientes sociais (casa, igreja, supermercado, vizinhança), e que poderão mediar diferentes objetos de aprendizagem e o indivíduo.

Mesmo com a possibilidade de existência de outros mediadores, o professor será uma figura fundamental do processo de desenvolvimento humano e deverá fazer o aluno transpor o nível de desenvolvimento real para alcançar o nível de desenvolvimento potencial, pois a escola é o ambiente social formal da aprendizagem.




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Como referenciar: "A relação Professor-Aluno no Contexto da Psicologia Educacional." em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 27/04/2024 às 09:44. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/relacao_professor_aluno/index.php?pagina=1