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Por que é tão Difícil o Professor Unir Teoria e Prática? (página 2)

O universo da escola: O que acontece realmente na prática?

Na escola, temos situações que geralmente não são discutidas nas universidades. Seria ingenuidade também dos universitários acharem que os cursos de Pedagogia lhes  fariam uma descrição de todos os fatos que poderiam ocorrer dentro da sala de aula ou do ambiente escolar. Perrenound ( 2002, p.50) nos lembra que,

Seria absurdo esperar que uma formação inicial, por mais completa que fosse, pudesse antecipar todas as situações que um professor encontraria em algum momento do exercício de sua profissão e oferecer-lhe todos os conhecimentos e as competências que, algum dia, poderiam ser úteis a ele. Em diversos estágios, todos os professores são autodidatas, condenados, em parte, a aprender seu ofício na prática cotidiana.

 A maior parte das questões reclamadas pelos professores relaciona-se ao fato de que a universidade está muito distante da realidade. Embora haja certa coerência, nota-se um  "estranhamento" desses professores com a universidade. . Se considerarmos a questão do papel do docente como mediador do conhecimento, verificamos que a maioria dos profissionais "formados", acaba apenas reproduzindo a dicotomia  ensino/aprendizagem, onde o professor copia e apresenta aos alunos um conhecimento pronto, sem flexibilidade, sem "açúcar".

É necessário propiciar aos alunos um aprender a aprender, de maneira que ele mesmo consiga  produzir esse conhecimento, fazendo parte dele, não sendo um mero receptor. Mizukami(2002, p.14), mantêm o mesmo pensamento de Perrenound quando comenta que é "no cotidiano da sala de aula que o professor defronta-se com múltiplas situações divergentes, com as quais não aprende a lidar durante seu curso de formação". Em linhas gerais, o que Perrenound e Mizukaime nos explicam é que os cursos de formação de professores não nos vão dizer todos os percursos que teremos durante a docência; mas, darão um pontapé inicial em um processo que é dinâmico, diversificado e imprevisível, a qual podemos chamar de educação.

Parece complicado realizar a prática na linha dos pensamentos pedagógicos, mas à medida que o professor, na sala de aula, tenta mudar sua prática, incluindo novos métodos de trabalho, a sua ação tende a se espelhar melhor dentro dos percursos teóricos que temos atualmente. Freire (1993) corrobora essa afirmação  quando menciona que "o educador e educando se educam; e que a verdadeira educação tem um caráter reflexivo".  Em outra ocasião (1996), Freire também enfatiza que quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender; essas duas construções revelam a necessidade do professor não se tornar mero um repetidor de conhecimento.

Para os educadores iniciantes, o primeiro contato com os alunos e com a sala de aula é considerado o momento mais difícil no início da profissão, uma vez que a falta de experiência lhe traz insegurança e ansiedade. Em contrapartida, os que possuem mais tempo de docência, se sustentam em sua auto-suficiência. Arroyo  ( 2001, p.74), comenta que "quem está atrás das grades tem pouco a pesquisar e refletir". A questão levantada pelo autor diz respeito à  realidade do trabalho docente; o excesso de atividade e a sobrecarga de trabalho deixam os educadores sem tempo ou  indisponibilidade para pesquisar, prendendo-os nas "grades" representadas, conforme Arroyo,  pelas salas de aula. A seguir, será explanada a questão da formação dos professores, muito discutida e criticada pela escola e por outras áreas de estudos.

Uma reflexão sobre as formações dos professores

Um dos grandes  questionamentos que gira em torno dos cursos de Formação dos Professores diz respeito ao papel desempenhado pelas universidades e de suas propostas curriculares. Qual é a distância que existe nos cursos acadêmicos em relação à prática da sala de aula?  Não é objetivo nesse artigo descrever os discursos emotivos que fazemos sobre a educação, mas prioritariamente levantar as causas raízes de algumas debilidades, que hoje ainda se perduram nos processos educativos.

Na universidade, o pensamento é que o nível de análise  dos processos educacionais é muito genérico e que não consideram suas complexidades. Em contrapartida, temos outra versão de que  os discursos acadêmicos estão defasados; do que "eu acho"que é; isso porque muitas vezes que ensina na universidade nunca mais pisou o pé na escola, no lugar onde realmente acontece a educação formal  Muitas falas da universidade não possuem fundamentações; pensa-se muito sobre uma escola ideal, e quase se tem medo de falar sobre a escola real.

É indubitável o papel importante da Universidade, porém, não devemos descartar que existe outra formação que quase não se comenta, mas que existe dentro da escola: a formação professor ? professor. Essa relação é caracterizada pela troca de experiências, principalmente quando um professor iniciante chega na escola.

Gosto quando Zeichner (1993 ) esclarece que  os professores dos cursos de formação devem ajudar os futuros docentes a pensar sobre a maneira como ensinam e  a necessidade de melhorar com o tempo. É nisso que acredito: professores que ao longo de sua carreira precisam melhorar suas metodologias, onde os seus caminhos devem ser achados e/ou traçados por eles mesmos. Talvez a máxima do momento na educação seja a abordagem de um professor que deve ser reflexivo, contribuindo, portanto, para releitura de sua própria ação.

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Como referenciar: "Por que é tão Difícil o Professor Unir Teoria e Prática? " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 26/04/2024 às 15:40. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/teoriaepratica/index.php?pagina=1