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Por que é tão Difícil o Professor Unir Teoria e Prática? (página 3)

Existe professor reflexivo?

Questionar se os professores estão sendo reflexivos ou não, tornou-se o "foco do momento" nos cursos de formação. Professor reflexivo é, em linhas gerais, aquele que pensa na sua metodologia, refletindo se está atendendo ao aprendizado dos alunos; trata-se de um PDCA pedagógico onde o mesmo irá desenvolver constantemente melhorias em sua prática, gerando um melhor processo de construção do conhecimento ao/pelos alunos.
O termo professor reflexivo surgiu a partir da década de 90, e tem como seu principal articulador, Donaldo Shon. Essa nova abordagem vem sendo discutida no Brasil por vários pensadores, principalmente por Evandro Ghedim e Selma Garrido.
 A prática reflexiva deve ser produzida sempre para melhoria da vida profissional do próprio docente. ? O docente deve ser formado para ser permanente pesquisador de sua prática ( THERRIEN, 2002, p.113)
 Entendo que a abordagem do professor reflexivo tem fundamental importância para a docência, pois, infelizmente, grande parte professores ?acostuma-se? com os problemas vividos no cotidiano. Em algumas situações, não há como intervir porque é prática ?normal?. Em outras, é um problema que historicamente se tornou hábito, e se o professor não refletir sobre esse problema, o mesmo perdurará. Reflexão na ação, é isso que se intensifica..
 Pedro Demo (2004) com bastante fundamento, afirma que o professor que apenas reproduz o ensino é dispensável. Obviamente que o autor acredita na docência, mas, traz a nossa reflexão sobre a importância do professor ter uma postura de construtor dessa aprendizagem, aliás, isso vem sendo batido na maioria dos artigos e livros da educação. Mas, apesar desse aporte teórico que a maioria dos professores possuem, na prática, não conseguem executar. As metodologias, a avaliação e os conteúdos, em algumas escolas, ainda continuam em uma linha de rigidez e descontextualização.
Após toda a literatura que lemos, desde Paulo Freire, Perrenound, Zeichner, Demos, Schon, dentre outros, chegamos a algumas ideias: o professor não é o dono do conhecimento, suas práticas nem sempre serão as melhores, seu método de avaliar não será todas as vezes o correto e sua postura precisa ser sempre voltada para um círculo de ação ? reflexão - ação. Com isso, devemos pensar sempre, em atitudes críticas e reflexivas, desenhadas dentro dos enfoques de construção do saber.

PLANEJAMENTO - EXECUÇÃO - REFLEXÃO - PLANEJAMENTO

O esquema acima mostra não somente  a importância do planejamento, sobretudo, também, o processo de reflexão sobre a execução e o (re) planejamento das atividades. E nessa cadeia de tarefas, acima mencionadas, é notável que a docência não é apenas uma simples profissão, ou então, a mais fácil, como alguns dizem, mas vai além de uma perspectiva vocacional ou sacerdotal, é realmente uma profissão, que deve ser constantemente atualizada, repensada e inovada. Aliás, com o advento das novas tecnologias da informação, o pensamento pedagógico deve ser reavaliado, precisamos estar mais interligados com os "novos alunos". A escola precisar mudar, por isso, não basta somente dizer que teoria é blá-blá-blá e que na prática não funciona.

Se esse pensamento perdurar por muito tempo, a escola tende a ser substituída e ficará nos recônditos de um tempo que não poderá voltar. É importante lembrar que os contextos da escola são extremamente complexos e não são iguais uns aos outros. Isso pode ser evidenciado quando um professor exerce a docência em várias turmas; a metodologia que ele utiliza para a turma A é diferente, às vezes, da turma B, isso porque os alunos são diferentes, a reação da turma não é igual. Os percursos mudam, as metodologias devem também ser adequadas.


Considerações finais

Uma das impressões que temos sobre a educação é que muito se pesquisa, mas  que as análises são bem superficiais. As novas "metodologias" são muito genéricas, nada muito concretas. É necessário reformular a forma de se fazer pesquisa. Se verificarmos as pesquisas em educação, notaremos que o aporte teórico é superior ao resultado em si da pesquisa. Claro que a fundamentação teórica é muito importante, mas o que se tem de pensar melhor é sobre essa reconstrução do conhecimento a partir dos resultados das pesquisas. É o aprender a aprender, não aprender a reproduzir, esse, por sua vez, nem precisa de muito esforço.

A escola, em seu pleno objetivo, pode engendrar possibilidades de reconstrução desse saber a partir de uma integração melhor com a pesquisa. Como está atualmente, parece que temos dois times: um que executa e outro que pesquisa. Se considerarmos, por exemplo, a questão do fracasso escolar, notaremos que o aluno é sempre visto como o principal culpado, e nem sempre é ele o grande  ?problema?. Urge, nessa perspectiva de pensamento, possibilitar  novas fronteiras de análises, abrir o coração para mudança, transformação, reflexão, construção, e, principalmente, para a educação.

Referências

ARROYO, Miguel. Ofício de mestre. Imagem e auto-imagem. Petrópolis, RJ : Vozes, 2001.

CANDAU, Vera Maria. Nas teias da Globalização. Cultura e educação. IN : CANDAU, Vera Maria ( Org). Sociedade, educação e cultura(s) : Questões e propostas.2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Pg-13-29.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo : Paz e Terra, 1993.

MIZUKAMI, Maria das Graças Nicoletti ( et al). Escola e aprendizagem da docência. Processos de investigação e formação. São Carlos. INEP, 2002.

PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor. Profissionalização e Razão pedagógica. Porto Alegre : Artmed, 2002.

THERRIEN, J. O saber do trabalho docente e a formação do professor, In: MACIEE, L.S.B.,(Org) Reflexões sobre a formação de professores.Campinas, SP : Papirus,2002, p.103-113.

ZEICHNER, Kenneth. A formação reflexiva dos professores : idéias e práticas. Lisboa : Educa, 1993.

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Como referenciar: "Por que é tão Difícil o Professor Unir Teoria e Prática? " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 07/05/2024 às 10:32. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/teoriaepratica/index.php?pagina=2