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A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva (página 4)

3.    A EXPERIÊNCIA DA COREIA DO SUL

A experiência da Coreia do Sul para transformação da educação não começa na escola nem via entidades públicas governamentais, como Ministério da Educação, que em seu papel executivo, muitas vezes estabelece políticas públicas na área da educação desconectadas de outros programas para o desenvolvimento econômico e de competitividade da nação.

Bartzokas (2005, p. 05) traz que, de acordo com relatório das Nações Unidas, a Coreia do Sul mantém sua base na criação de um forte sistema nacional de inovação, onde empresas privadas e agências governamentais, patrocinadoras de institutos de pesquisa, exercem papel fundamental no crescimento econômico deste país, emergindo como parceiros estratégicos no desenvolvimento de uma política integrada de pesquisa e desenvolvimento. Este Relatório também aponta que a Coreia do Sul atingiu crescimento econômico destacável, nos últimos 40 anos - com uma média de 7.2% por ano entre 1970 a 2002. Relata-se, ainda que neste período, aumentou seus investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de forma estável e constante, saltando da posição de participação governamental nestes investimentos para maior participação privada no total de investimentos em P&D no país.

E foi somente a partir dos anos 90 que a Coreia do Sul atingiu o mesmo nível de investimentos dos países como Alemanha e França, em termos de total de investimentos em P&D sobre o PIB local. Mas, ao mesmo tempo em que possui destaque junto aos resultados finais destes investimentos, encontra-se aquém, no ranking dos principais países avançados, incluindo Estados Unidos e Japão.

Desta forma, compreende-se que a Coreia do Sul iniciou seu processo de inovação baseado na aquisição de tecnologia internacional, através de setores selecionados, e não em larga amplitude de áreas do conhecimento. Porém, o país atingiu um limite para este modelo, com a maior competitividade de suas empresas junto ao mercado internacional e às companhias estrangeiras mais relutantes em transferir tecnologia para um potencial competidor. Tornando-se à Coreia inevitável a necessidade de desenvolver sua própria base de pesquisa e inovação, que então passou a exigir como prioridade cientistas e engenheiros altamente treinados, bem como recursos financeiros, para suportar investimentos em P&D ditos, por natureza, incertos e arriscados. Assim, em resposta às diferentes fases de seu processo de industrialização, a Coreia do Sul passou, forçosamente a mudar suas prioridades de desenvolvimento tecnológico do plano de "imitação" para o de "inovação".

Por consequência, para promover uma política de P&D o Governo da Coreia do Sul promulgou sua primeira Lei de incentivo à P&D em 1972. E a partir dos anos 80, "pós-ajuste" desta lei, seu Governo passou a incentivar, direta e indiretamente, a promoção de indústrias de tecnologia intensiva e suas P&D., auxiliando, ainda, no estabelecimento de consórcios para pesquisas em tecnologia industrial e promoção de projetos específicos de P&D através destes consórcios.

Mas, diferente do que se possa imaginar, o papel do governo, como investidor direto destas pesquisas, foi pequeno, sendo trazido por Bartzokas (2005, p. 10), que nos ano 90, somente 20% do total de investimentos de P&D no país foram públicos, os 80% restantes foram financiados pelo setor privado. 
       
Atualmente, o papel do governo deste país tem sido visto como o de facilitador deste processo de inovação - processo este que tem ocorrido através da definição de políticas e regras claras e estáveis que estimulem o setor privado a exercer seu papel social de gerador de emprego e renda para a população. A exemplo disso, o mesmo relatório traz que no mês de setembro de 1999, o governo lançou uma iniciativa estratégica de longo prazo, denominada "Visão 2025 - Visão de longo prazo para o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (C&T)", e a esta incluem-se objetivos, como:

- Mudar do sistema de inovação liderado pelo governo para o liderado pelo setor privado,
- Melhorar a efetividade dos investimentos em P&D,
- Alinhar o sistema de P&D de uma rede doméstica para uma rede global e
- Superar os desafios das revoluções nas áreas de tecnologia da informação e biotecnologia (BARTZOKAS, 2005, p. 10).

Este cenário apresentado leva à compreensão de que a evolução de todas as políticas de incentivo à inovação na Coreia do Sul foi intensa nos últimos anos, sendo os pilares da gestão do conhecimento, educação e valorização dos recursos humanos fundamentais para esta transformação. E a Tabela "Evolução das políticas de inovação da Coreia", apresentada no Anexo 2 deste artigo, traz a clareza desta evolução.

Com uma base bem planejada, estruturada e fincada em metas futuras, os pilares de recursos humanos e educação na Coreia do Sul partiram, nos anos 60, de um objetivo: diminuir o analfabetismo e criar planos de educação para desenvolvimento econômico que incluíam a melhoria da qualidade dos professores e aumento no número de universidades de engenharia, para que nos anos 2000, atingissem uma taxa de analfabetismo inferior a 2%, baseados na preocupação com a qualidade da educação e pesquisa, melhoria no aprendizado constante, produtividade internacional e encorajamento para a pesquisa em áreas estratégicas.

De acordo com o CIEB (Center on International Education Benchmarking), um programa do NCEE (National center on Education and the Economy) , Sorensen (2006, p. 09) traz que a Coreia do Sul atingiu o segundo lugar em Leitura, quarto em Matemática e sexto em Ciências, como aponta a avaliação PISA em 2009; ou seja, um resultado surpreendente, considerando que os investimentos em Educação na Coreia do Sul não ultrapassam a metade dos investimentos do Estados Unidos, no que diz respeito à porcentagem do PIB e, ainda, sob o fato de que durante a maior parte de sua História, a educação estava restrita à pequena elite do país. E, com pouco mais de 4 / 5 décadas, a Coreia do Sul possui hoje uma das forças de trabalho mais educada e capacitada do mundo. Trabalhadores que agora fazem parte de empresas líderes mundiais nas áreas de produtos eletrônicos, indústria, automobilística, construtores de super tanques e navios cargueiros. E assim, Sorensen afirma:

[...a construção do moderno sistema de educação da Coreia do Sul foi parte de um projeto nacional....]; [...seu sucesso estaria menos relacionado a características especiais do sistema mas sim à determinação dos Coreanos de construir um país de classe mundial e o compromisso de cada cidadão de fazer sua parte neste grande desenho. A Educação, na cabeça dos Coreanos, desde o começo foi a parte central deste grande desenho] (SORENSEN, 2006, p. 09).
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Como referenciar: "A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 18/10/2025 às 00:52. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/a_empresa_e_a_escola/?pagina=3