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A Utilização de Tecnologias Digitais como Ferramenta Inovadora para a Aprendizagem Educacional: do Hipertexto a Hipermídia (página 3)

Uma das faces mais importantes da cultura digital ou cibercultura, termo utilizado por P. Lévy (1999), diz respeito ao surgimento da hipermídia como uma nova linguagem, uma vez que esta é capaz de comportar o texto escrito, contido em livros, jornais ou revistas, o audiovisual, exibido em filmes de cinema ou em pequenas animações, e a informática, por meio dos computadores e de seus programas, inaugurando uma nova relação do autor com a leitura, com a escrita e com as formas de pensar.

Desse modo, os estímulos visuais variados, os sons e a escrita se misturam, o que proporciona ao leitor a aquisição e assimilação de conhecimentos e informações que envolvem os sentidos em um universo de significações muito diversificado.

Moran (1994) denomina esse tipo de conhecimento de sensorial, cinestésico-corporal, na medida em que possui a vantagem de ser imediato, "natural" e fácil de perceber, estimulando a união entre a mente, as imagens e o tato em um caminho intuitivo onde a exploração e a descoberta são inesperadas.

O leitor tem ao seu alcance um leque de possibilidades de acessar as informações, fato que confere à hipermídia um caráter singular, podendo interligá-las seguindo seus interesses e necessidades, percorrendo caminhos únicos e construindo suas próprias rotas. Assim, ao percorrer um caminho no qual pode estabelecer suas próprias sequências e associações, o leitor interage com o texto, assumindo um papel ativo na busca de informações e tornando-se com isso um coautor, uma vez que pode intervir no texto e reconstruí-lo.

Leitura e escrita se misturam na criação de um texto digital. Ler e escrever significa interagir para escolher uma ou várias dentre as ligações preestabelecidas pelo criador da hipermídia ou para estabelecer novas ligações não previstas pelo autor, criar caminhos e sequências próprias, deixar marcas, reconfigurar e criar narrativas pessoais.

Um dos grandes poderes definidores da hipermídia, segundo Santaella (2002, p. 393),

[...] está na sua capacidade de armazenar informação e, por meio da interação do receptor, transmutar-se em incontáveis versões virtuais, que vão brotando na medida mesma em que o receptor se coloca em posição de coautor. Ao escolher um percurso, entre muitas possibilidades, o leitor estabelece sua coparticipação na produção das mensagens. Isso só é possível em razão da estrutura de caráter hiper, não sequencial e multidimensional, que dá suporte às infinitas opções de um leitor imersivo.

Por ser uma linguagem que favorece a interatividade, é impossível o leitor usá-la de uma forma passiva, uma vez que ele é incentivado pela própria estrutura a criar movimentos que o seduzam para a leitura, reflexão, criação, ressignificação, troca de experiências e de informações, produção de histórias, criação de seus próprios hipertextos, etc.  Talvez esse seja o recurso tecnológico que permite de forma mais ampla o registro de ideias e de visões de mundo, algo que outra tecnologia da informação não pode oferecer.
 
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Como referenciar: "A Utilização de Tecnologias Digitais como Ferramenta Inovadora para a Aprendizagem Educacional: do Hipertexto a Hipermídia" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 01/05/2024 às 22:29. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/a_utilizacao_de_tecnologias_digitais_como_ferramenta_/index.php?pagina=2