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Práticas Educativas na Formação de Crianças Leitoras na Educação Infantil (página 3)

Com base no que foi vivenciado no período de estágio supervisionado e no que foi visto nos referenciais teóricos, realizamos a atividade de confecção do Livro, "Livro da Vida", trabalho este desenvolvido no CMEI, onde as crianças tiveram oportunidade de expressar seus conhecimentos através da escrita, de desenhos produzidos por eles, e através disto contaram sua pequena história de vida.  Concretizando o ato de ler e escrever, proporcionando a socialização do saber através de formação de grupos, onde foram considerados os erros como processo de construção, apresentando desafios às crianças, levando-as a pensar sobre suas hipóteses, vivenciar o trabalhar em grupo, opinando e vencendo seu medo de expor o "eu".

Nossas atividades estiveram vinculadas ao que Lima (Apud, Gadotti, 1988, p.70) chama de "dez mandamentos do ensino", ou seja:

1) não ensine, provoque a atividade da criança; 2) leve as crianças a discutirem entre si a situação proposta (mesmo com erros); 3) não trabalhar a linguagem como produto adquirido por imitação ou repetição; 4) incentive a capacidade de inventar e descobrir, mesmo que divergindo do seu ponto de vista; 5) estimule, sugira, mas não jogue o jogo é das crianças; 6) use como material o que existe no mundo da criança; 7) sempre que a criança alcançar um patamar, complexifique situação; 8) não se prenda a cartilha, use o material do dia a dia da criança; 9) organize as crianças em grupos, socialize; 10) leve as crianças a compreenderem o que fizeram.


Vimos então, que diante do que foi trabalhado devemos como educadores ter práticas educativas que venham a fazer a criança a levantar hipóteses, usar a imaginação buscando no seu dia-a-dia subsídios para avançar no seu aprendizado. Desenvolver meios e criar condições que permita à criança se envolver com a leitura e a escrita como objeto principal do seu conhecimento.

Acreditamos que as práticas educativas bem desenvolvidas possibilitam ao homem em formação avançar na compreensão do seu eu, do mundo, de forma a interpretá-lo e transformá-lo. Cabe ao professor da educação infantil, em suas práticas educativas, avaliar, interpretar e compreender as ações das crianças, de forma a permitir o seu avanço no conhecimento de si e do mundo que o rodeia, possibilitando-o se transformar num leitor crítico.

Com base nessa perspectiva é que nos voltamos também para o desenvolvimento da prática reflexiva na educação infantil, buscando respaldo em Alice Paige-Smith, Anna Craft & Cols, que nos dá importante contribuição para o nosso futuro direcionamento na educação e no cuidado da criança.

O educador deve buscar a compreensão de valores, práticas e abordagens na aprendizagem da criança e neste caso precisa estar atento à criação de possibilidades do que buscar atingir metas já estabelecidas procurar afastar-se das falácias  (*), assumindo a responsabilidade de escolher, experimentar, discutir, refletir e mudar, concentrando-se mais nas oportunidades de crescimento do que na ansiedade de atingir resultados, fazendo do "educar" uma fonte de prazer e encantamento. (Fortunati, 2006, p. 37, apud, Smith, 2010). 

Se quisermos formar cidadãos leitores, críticos e capazes de saírem do senso comum, em nossas práticas na formação de crianças leitoras na educação infantil se faz necessário ouvir nosso pequeno leitor, mudar nosso modo de ser, reconhecer que somos limitados e que temos que estar buscando permanentemente a eficácia nessas práticas educativas, através da reflexão de nossas ações, fazer- refletir- fazer.

O profissional que trabalha reflexivamente deve em primeiro praticar o ouvir a criança, dando oportunidade de que a mesma expresse seu pensamento, exponha suas idéias, sendo esta uma forma disponível para pensarmos sobre nossa prática e também sermos capazes de aplicá-las diferentemente, e ainda buscar soluções para os problemas que possam surgir no processo de ensino aprendizagem na educação infantil. A prática reflexiva tem um grande potencial, mas também contém riscos, e conforme aponta Foucault "tudo é perigoso". (Apud, Smith, 2010,)

Ainda segundo Rinald (2005, Apud, Smith, 2010), a possibilidade de nos perdermos no diálogo e na reflexão, isto é de "perdermos absolutamente a possibilidade controlar o resultado final" é um risco, mas também é uma possibilidade de nos tornar capazes de ver e entender o mundo de maneira diferente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é o espaço social cuja função é levar o aluno a se apropriar de conhecimentos dentro das diversas áreas, e estimular o desenvolvimento das habilidades e competências, para que tenha a possibilidade de produzir novos saberes, de forma que o mesmo venha a compreender as relações necessárias em seu processo de formação.
A prática educativa na educação infantil deve superar a intenção de se fazer algo em prol da formação e transformação social.
O professor é antes de tudo, o mediador entre o aluno e o objeto a ser conhecido por este. Dessa forma, sua prática educativa, deve sempre levar em consideração o aluno como um ser completo, integral que tem uma história de vida, e partindo deste principio, levá-lo a interagir com o meio ao qual está inserido, respeitando sua identidade, que sabemos, além de individual é também coletiva, o que o liga à sua classe social de origem.

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Como referenciar: "Práticas Educativas na Formação de Crianças Leitoras na Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 13/05/2024 às 01:37. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/criancasleitoras/index.php?pagina=2