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Educação Tecnológica: um Panorama Histórico (página 3)

Durante o séc. XIX surgem grandes mudanças em todos os setores da economia e, no setor industrial, "o Brasil vinha criando uma indústria de pequena escala desde o início do século XIX e sua tática era fabricar no mercado interno aqueles produtos cujo custo fosse inferior ao das importações concorrentes" (SKIDMORE, 1998, p. 118) foi um dos segmentos da economia que mais se desenvolveu.

Partindo do zero e posteriormente construindo um império industrial e comercial nunca visto no Brasil até então e ainda hoje, exemplo de alta capacidade administrativa, pois, do seu punho podia nascer leis no Uruguai, movimentos de tropas na Argentina, um novo ministro no Brasil, uma grande tacada na Bolsa de Valores de Londres.  Irineu geria com eficiência, "bancos, estaleiros, ferrovias, fábricas, mineradoras, usinas e fazendas" (CALDEIRA, 1995, p.17).
                
O Segundo Reinado foi uma injeção de ânimo na economia brasileira, apesar das imensas deficiências sociais, da falta de saneamento básico, do altíssimo índice de analfabetismo, da ausência gritante de assistência médico-hospitalar, de redes de transporte e políticas publicas que promovessem a economia. Esta injeção de ânimo veio proveniente da "agricultura, o nervo econômico da civilização, onde se assentou a ocupação e a exploração da maior e melhor parte do território brasileiro" (PRADO JÚNIOR, 1992, p.130).
               
Após o desenvolvimento da cafeicultura e das ferrovias em São Paulo, este se torna o estado mais rico da nação, pois de "1900 a 1920 seu parque industrial expandiu-se rapidamente, com uma taxa anual de crescimento de 8%" (DEAN, 1991, p. 115). As necessidades produtivas, na construção civil, na indústria metal-mecânica, elétrica, naval química e outras, aliadas a visão gerencial dos bons administradores, visualizando o grande desenvolvimento que estaria por vir, e da carência do mercado de trabalho, pois muitas vagas não eram preenchidas devido à falta de mão de obra, levaria a mais óbvia conclusão.
            
Escolas técnicas e universidades deveriam surgir para alimentar este mercado com uma voracidade gigante que nascia e crescia rapidamente. O grande êxodo da população rural, a redução das importações de produtos manufaturados, a política nacionalista de Getúlio Vargas e a "Segunda Guerra Mundial, marcaram profundamente nosso processo de industrialização entre 1930 a 1955, além de uma grande substituição de importações"(ADAS, 1998, p. 108). Em 22 de janeiro de 1942 foi criado o SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, através do Decreto lei 4048, por Getúlio Vargas, visando à formação de mão de obra especializada para a indústria de base, e esta se constrói por todo o país, como uma organização respeitada, produtiva, de vanguarda e que se tornou referência sul-americana na educação técnica, tornando-se um exemplo de ensino eficaz.
                           
As duas guerras mundiais, de 1914 a 1918 e de 1939 a 1945 promoveram, sem dúvida, morte e destruição, mas também o desenvolvimento de novas tecnologias, materiais e processos de fabricação, além de uma inserção da mulher no mercado de trabalho de forma mais consistente, praticamente substituindo muito homens que estavam em combate. No Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, foi eleito presidente em 1956 e busca incentivar nossa economia através do "Plano de Metas, que era um programa de desenvolvimento agrupado em cinco setores, energia, transporte, indústria, educação e alimentação" (TEIXEIRA, 2007, p. 276).
                         
Instalaram-se indústrias automobilísticas em 1957, a Volkswagen e a Mercedes Benz, e o parque industrial brasileiro cresce em qualidade e quantidade, pois estas fábricas geraram a necessidade de outras também serem construídas, aumentado a renda per capita da população e consolidando o Brasil no caminho da industrialização. "O trabalho qualificado que não pode ser realizado sem certo grau de aprendizagem e conhecimento técnico" (OLIVEIRA, 2004, p. 214), torna-se fundamental e estimulante para os demais jovens que estavam realizando cursos tradicionais.

Observa-se que desde a colonização do Brasil, passando pelo Brasil Império e inicio do Brasil Republicano, a necessidade de um sistema educacional que promova a qualificação de jovens e adultos de ambos os sexos, para um mercado de trabalho que dia a dia se mostrava mais e mais promissor devido às exportações e o aumento das rendas da nação, e que se ampliava com achegada de imigrantes e com alforria dos escravos, não era levada em consideração pelos órgãos educacionais seja na esfera municipal, estadual e federal.

Isso foi uma negligencia absurda dos governantes, pois milhares de jovens não puderam ter uma escola técnica próxima de sua residência para desenvolverem suas habilidades e competências. A solução para estas pessoas de baixa renda e colocadas a margem da educação de qualquer tipo, foi o autodidatismo ou trabalhando com um mestre durante anos a fio para aprenderem um oficio, como de fato ocorreu com pedreiros, pintores, carpinteiros, marceneiros, eletricistas, mecânicos e outros.

A importância da Educação Tecnológica é que ela é uma arma sofisticada e potente para realizar o combate ao analfabetismo técnico e a promoção de novos caminhos e alternativas para os jovens entrarem no mercado de trabalho pela porta da frente, pois prepara jovens aptos para o mercado de trabalho, informados e motivados para poderem conquistar bons empregos e se manterem neles. Durante décadas os governantes negligenciaram esta modalidade de ensino, e fomos superados industrialmente e comercialmente por países com menos recursos humanos e minerais que nós, como a Coreia do Sul, e está mais do que na hora de darmos a devida atenção a aperfeiçoamento, a ampliação, e a expansão da rede de ensino tecnológico no Brasil.
   
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Como referenciar: "Educação Tecnológica: um Panorama Histórico" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/05/2024 às 16:33. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/educacao_tecnologica_panorama/index.php?pagina=2