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As Funções Executivas e sua Importância no Bom Desempenho Acadêmico

Autor: Vera Lucia de Siqueira Mietto
Data: 15/02/2019

Não é de hoje que as questões acerca do desempenho escolar são pauta de discussões entre professores e profissionais da educação e saúde.  

Crianças e adolescentes que no curso de seu desenvolvimento escolar, apesar de não apresentarem nenhum impedimento cognitivo, transtorno de aprendizagem ou falhas sensoriais, não conseguem obter o resultado esperado por pais e professores.

O que poderia estar acontecendo? Onde estaria o cerne do problema? Estaria na escola? Na metodologia utilizada?

Muitas questões precisam ser analisadas quando se fala de baixo desempenho acadêmico. Sabe-se que para a criança obter êxito na escola é preciso que cresça aprendendo a se regular, a estabelecer estratégias para alcançar suas metas, saber estudar e se organizar. 

Aprender a ter autonomia constitui um fator primordial para crescer independente, organizado e ter metacognição, isso quer dizer que é preciso que o indivíduo tenha conhecimento sobre suas capacidades, percepção, avaliação, regulação comportamental e refletir sobre suas ações: é aprender a aprender. RIBEIRO (2003)

Mas, hoje em dia, com a demanda diária do fazer dos pais e cuidadores da criança, com o apressamento da vida que estamos expostos, a criança tende a ter tudo pronto, tudo muito arrumado para que seus cuidadores não percam tempo, e com isso, habilidades que iriam desenvolver a autonomia da criança ficam como que "adormecidas” e ela passa a ter um comportamento passivo, a não ter que  se preocupar com nada, com suas necessidades mais básicas pois tem quem faça por ela, rápido, pois não há tempo a perder.

Por outro lado temos ainda a carência de tempo dos pais com seus filhos, que acabam por fazer todas as suas vontades, por conta de sentirem-se tão ausentes. E a criança cresce com suas vontades sendo atendidas de pronto.

Não aprendem a esperar, querem no seu tempo e assim crescem, com suas vontades sendo satisfeitas de pronto. Caso não sejam atendidas, vem a birra! Apavorados e sem saber como lidar com esse comportamento, os cuidadores cedem! E como essas crianças crescem?

Vemos isso com muita frequência, demanda muito comum nos consultórios, com a queixa de que a criança é geniosa, insatisfeita, desatenta, desorganizada, ansiosa, sem responsabilidade ou que ainda está imatura, só desejando brincar em sala de aula, ignorando muitas vezes o fazer acadêmico a que está inserida. Adolescentes que não tem responsabilidade, não se esforçam e ficam a esperar tudo pronto, e com isso, as dificuldades em manter um bom desempenho acadêmico não acontecem.  Entendendo que toda a satisfação pessoal vem do fazer, do buscar que faz parte do amadurecimento emocional.

Ao chegarem na escola, também esperam que sejam atendidas como acontece em casa, querem que seus professores organizem tudo, que tenham o mesmo comportamento que incorporam de seus cuidadores e quando não são atendidos, desafiam, se dispersam e o processo de aprendizagem fica prejudicado.

É a brincadeira e as tarefas não terminadas em sala de aula, os deveres que não são realizados em casa, a falta de compromisso evidente! As tarefas escolares se tornam desinteressantes, desestimulantes, pois precisam parar, pensar e organizar o pensamento na busca de respostas e soluções.  Como sentir prazer nesse fazer que requer trabalho e autorregulação se estão acostumados a uma variedade de estímulos do mundo digital, onde só precisam clicar e uma gama de soluções se colocam á disposição?

Habilidades cruciais que desenvolvem a criança em sua capacidade de ter autonomia e gerir suas necessidades individuais não foram estimuladas e o resultado começa a aparecer desde cedo no fazer acadêmico.

Mas como adquirir essas habilidades tão importantes para a vida escolar?  Como a criança vai se organizar nas tarefas escolares, arrumar seus pertences na mochila ou parar e prestar atenção no que o professor diz, nas tarefas que precisa iniciar e terminar em tempo hábil se não aprendeu a ter autonomia e a cuidar de si?

Ter bom desempenho acadêmico requer possuir habilidades que possibilitem foco e metas pré- estabelecidas, habilidades essas que, como se sabe, compõe as Funções Executivas.

Segundo Gazaniga (2006) as Funções Executivas são um conjunto de habilidades cognitivas fundamentais para a cumprir-se diversas atividades que requerem planejamento e monitoramento de comportamentos intencionais relacionados a um objetivo ou a demandas do meio ambiente.

 As funções executivas, deste modo, possibilitam ao indivíduo uma interação  com o meio  de maneira  mais ajustada, mais harmoniosa , sendo a base  para a orientação e estruturação de várias habilidades intelectuais, emocionais e sociais, como se programar para as tarefas domesticas, ir à escola, ir ao trabalho, fazer os deveres de casa, estudar para a prova, terminar suas atividades dentro do tempo estabelecido, priorizar necessidades individuais e coletivas entre muitas outras tarefas importantes do dia a dia. VASCONCELOS (2011)

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Como referenciar: "As Funções Executivas e sua Importância no Bom Desempenho Acadêmico" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 04:43. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/funcoesexecutivas/