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A Inclusão do Deficiente Auditivo no Ensino Regular na Escola Pública (página 3)


Conclusão

O tema a inclusão do deficiente auditivo no ensino regular na escola pública é muito complexo, delicado e necessita de muitas reflexões e ações. A pesquisa aponta para alguns pontos onde percebemos que existem poucos profissionais atuantes na área de educação especial, especificamente para o atendimento ao aluno com deficiência auditiva.

O organismo humano sempre que se defronta com algo de novo tem uma capacidade incrível de assimilação. No caso dos surdos a ausência do sentido de audição, permite que outros sentidos o substituam, nomeadamente a visão, de forma a desenvolver uma linguagem diferente, visual ou gestual.                         
  
Esta é a língua natural do surdo, é a que ele aprende sem esforço que não se desenvolve de forma automática nem ensinada, tal como a língua oral nos ouvintes, mas que é simulada no contato e nas trocas comunicativas com os que o rodeiam.  Se é óbvio que o surdo deve dominar a língua oral e escrita, também não é menos óbvio que não devemos esquecer o seu próprio patrimônio linguístico.        

A influência da surdez sobre o indivíduo implica características particulares que vão desde o desenvolvimento físico e mental até ao seu comportamento como ser social. A linguagem é um fator importante para o desenvolvimento dos processos mentais da personalidade e integração social do surdo, apresentando-se como elemento essencial na sua integração.                                        

Como professores, confrontamo-nos com grandes dificuldades quando deparamos com alunos surdos, uma vez que a comunicação é débil. Segundo Amaral (1993), na generalidade o aluno surdo possui: uma língua oral reduzida, limitada, na maioria dos casos pouco compreensível, domina um escasso e estereotipado vocabulário e não consegue interiorizar a estrutura da língua oral:  não entende um texto escrito dos mais simples e não consegue utilizar a escrita com correção ou tratar de forma concatenada um tema; demonstra uma ignorância do mundo e dos aspectos mais óbvios.                                               
Perante este cenário tão real que fazer com estes alunos? O problema fundamental nos surdos focaliza-se na sua dificuldade de comunicação, mais concretamente na sua dificuldade de linguagem. Desde sempre, a grande preocupação dos teóricos foi a introdução da linguagem verbal pura, nas crianças surdas. À luz das novas teorias preconizam-se outros métodos, nomeadamente a linguagem gestual, que facilitem a comunicação e o acesso à linguagem oral. Aos professores coloca-se o problema de não dominarem a língua natural dos surdos, o que facilitaria a capacidade de diálogo, a troca de impressões e uma melhor compreensão estrutural da língua oral por parte dos surdos. O que se passa, na generalidade, na sala de aula e fora dela é que a linguagem é considerada de uma forma muito ambígua, sendo teoricamente o objetivo a atingir, ela não é encarada em termos de processo a desenvolver, mas sim de produto acabado a fornecer. O desenvolvimento paralelo das linguagens gestual e oral conduziria certamente a um melhor e mais rápido desenvolvimento cognitivo.                            

Tendo como exemplo os erros cometidos ao longo dos anos nas metodologias utilizadas no ensino dos surdos, pretende-se maximizar as potencialidades dos alunos surdos e proporcionar-lhes a conquista do lugar a que têm direito na sociedade de que fazem parte e que deles necessita.

Atualmente, com o código de Libras, diminuiu-se a distância entre professores e alunos surdos. A comunicação ficou mais acessível, porém, ainda os professores precisam se aprofundar  no assunto, pesquisando, participando de cursos, e tendo intérpretes para melhor atingirem o objetivo da educação, o aluno.
   
A inclusão é um fato, devemos nos especializar o quanto pudermos, para que a educação tenha um resultado esperado por todos, mesmo que os atendimentos sejam diferenciados devemos nos esmerar em sermos profissionais que atuam com a formação e também com a intenção de praticar a cidadania dando a todos a oportunidade de desenvolver-se para lutar por uma vida digna e melhor.

Ao fazermos este trabalho reconhecemos a necessidade de uma sólida formação de base dos técnicos de educação que intervêm junto das crianças surdas, e como é importante estarmos abertos aos diferentes métodos de comunicação, pois só assim será possível assegurar respostas de acordo com a especificidade de cada caso.

Não nos devemos esquecer, no entanto, que cada criança constitui um caso e que deverá ser analisada isoladamente, com vista a um trabalho de reeducação que responda às reais necessidades da criança surda.


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Como referenciar: "A Inclusão do Deficiente Auditivo no Ensino Regular na Escola Pública" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 06/05/2024 às 07:38. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/inclusao_deficiente_auditivo1/index.php?pagina=2