Você está em Artigos

A Inclusão Social do Portador de Epilepsia na Educação Infantil (página 4)


2.3. DIFICULDADES ENCONTRADAS NA INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA

De acordo com o que já foi exposto, é indispensável que o educador de educação infantil esteja apto a se atualizar para para oferecer à criança portadora de epilepsia uma pedagogia especial e de maneira individual, abordando de forma singular a maneira de lidar com esse aluno. É de suma importância que o meio escolar ofereça ao educador os instrumentos e apoios necessários para que ele possa oferecer um ensino que consiga abraçar a criança portadora de epilepsia, não menos importante, está também o papel de assessorar os familiares e os colegas de classe para que entendam o problema do colega e possam auxiliá-lo.

Infelizmente, na atual realidade da escola no Brasil, sabe-se que raríssimas são as que estão realmente preparadas para lidar com crianças especiais. Segundo Silva (2007, p.55):

Uma escola regular, tal como se encontra estruturada hoje, não se torna automaticamente uma escola inclusiva somente por admitir alguns alunos com deficiência em suas turmas. Uma escola só se torna inclusiva depois que se reestrutura para atender à diversidade dos alunos em suas necessidades especiais, em suas habilidades e estilos de aprendizagem. (SILVA, 2007, p.55)

Fazer a inclusão de uma criança com necessidade especial não é tarefa simples, mas sim um conceito muito mais delicado do que muitos imaginam, pois envolve diversos fatores, tanto dos espaços físicos, quanto dos processos de ensino. A qualificação dos professores para lidar com crianças com necessidades especiais é fator necessário e indispensável para que seja realizada de fato a inclusão social do portador de epilepsia. Para isso, é necessário que continue havendo novas pesquisas acadêmicas e estudos científicos que tratem acerca desse tema para que essa realidade seja melhor avaliada e que possíveis novas soluções possam vir à tona.

Quando visto por leigos ou a olho nu, a questão da inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais, no caso da epilepsia em especial, é uma teoria muito bonita, entretanto, a prática ainda é muito excludente. Todavia, mesmo com essa realidade insatisfatória, é necessário que a inclusão social seja feita e que é preciso olhar com bons olhos a inclusão social e a convivência de alunos "normais" com alunos que possuem necessidades especiais. A troca de experiência é uma experiência benéfica e sadia, visto que ambos os lados saem ganhando, o aluno portador de epilepsia se sentirá abraçado e poderá desenvolver suas habilidades, e os alunos "normais" poderão se livrar de preconceitos e vivenciar valores. Além disso essa convivência é também benéfica para professores, pais e funcionários.

É de grande valia destacar que o papel do educador em sala de aula quando se toca no assunto do tratamento de crianças com necessidades especiais é apenas o começo de um buraco muito profundo. É comum ver pessoas, principalmente pais raivosos com os educadores como se fossem eles os responsáveis por um sistema educacional falho e excludente. O professor, nesse caso, poderia ser enquadrado como mais uma vítima do sistema em que vivemos. Hoje vê-se uma realidade onde salas de aulas são lotadas, onde o professor tem que se contentar com um salário ínfimo se comparado às atividades e a carga emocional e de estresse que o mesmo precisa suportar em decorrência da profissão. É comum presenciar professores sofrendo agressões verbais e até mesmo físicas, portanto, seria injustiça atribuir apenas à figura do professor a realidade excludente da educação brasileira e as dificuldades que o mesmo apresenta para incluir uma criança portadora de necessidade especial numa turma regular.

Nos dias de hoje também é visível uma inversão de valores na sociedade em que vivemos. Os pais transferem para a escola a função que deveriam exercer em casa. A escola deve transmitir conhecimento, transmitir valores, mas a missão de educar é indiscutivelmente dos pais e deve vir de berço. Entretanto, vê-se hoje em dia a escola tentando educar alunos que já deveriam vir de casa com um mínimo de noção moral e ética.

Segundo Tiba (2007):

Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que frequentam. (TIBA, 1996, p. 111)

Ainda nas palavras de Tiba (2007, p.187), essa realidade é muito bem traduzida: "a educação escolar é diferente da educação familiar. Não há como uma substituir a outra, pois ambas são complementares. Não se pode delegar à escola parte da educação familiar, pois está é única e exclusiva, voltada à formação do caráter e aos padrões de comportamentos familiares"
Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "A Inclusão Social do Portador de Epilepsia na Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 06/05/2024 às 22:32. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/inclusaoepilepsia/index.php?pagina=3