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Inclusão na Práxis (página 4)

Por que não preparar o deficiente para o posto que irá ocupar? Certamente a confiança do empregado na realização da tarefa e do empregador nesta proposta será de sucesso pleno.

Pensemos na hipótese de o deficiente vencer o preconceito, dizendo: eu sou capaz. Eu produzo. Eu trabalho e recebo pagamento justo pelo que faço.

Tradicionalmente, estamos acostumados a usar o termo: incluir o deficiente. Perguntemo-nos então: onde? Como?

Para os professores despreparados, inseridos em uma sociedade preconceituosa, o deficiente deve ser incluído na escola regular, mas executando atividades que ocupem o máximo de seu tempo, de forma a não representar muito trabalho.

Por outro lado, o deficiente representa  um cidadão que vai crescer e que necessita de meios para incluir-se na vida em sociedade. Precisa sentir-se útil, ser gente, ter amigos, divertir-se.

Jupp nos dá exemplos de inclusão em um poema citado em seu livro Viver Plenamente: Convivendo com as dificuldades de aprendizagens (JUPP, 1998, p. 223-224)

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Situação em que temos controle e domínio.
Inclusão significa que:
Precisamos aprender mais sobre colaboração e negociação.
Tradicionalmente, vemos as pessoas:
Como seres que precisam de conserto.
Inclusão significa que:
Precisamos começar a reconhecer as qualidades e os talentos das pessoas.

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Colocar funcionários e supervisionar as pessoas.
Inclusão significa que:
Temos de aprender a facilitar o envolvimento de amigos e vizinhos.

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Ditar os termos e as regras.
Inclusão significa que:
Temos de aprender a oferecer mais opções e oportunidades a pessoas com necessidades adicionais.

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Elaborar programas, implementar modificações de conduta e outras terapias invasivas.
Inclusão significa que:
Devemos aprender os benefícios de deixar que as pessoas com deficiência de aprendizagem tenham experiências normais, e não anormais.

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Agrupar as pessoas de acordo com suas capacidades ou seu comportamento.
Inclusão significa que:
Temos que começar a aprender os benefícios da diversidade.

Tradicionalmente, estamos acostumados a:
Ver as pessoas como seres a quem faltam partes ou que têm partes  quebradas.
Inclusão significa que:
Precisamos ver as pessoas como seres completos e inteiros, do jeito como são.

Segundo pesquisa realizada por meio de uma entrevista no Aeroporto de Vitória-ES, no dia 18 de março de 2006 com o gerente do aeroporto da empresa aérea GOL, Cosme Campos Vieira:

A ideia do projeto sobre a inclusão de pessoas deficientes surgiu quando a empresa começou a cumprir a legislação e pensou que este projeto precisava de algo com caráter emocional, mas com funções reais dentro de suas limitações. Então se pensou em admitir e preparar os deficientes contratados na área administrativa e operacional do aeroporto, que estariam ao alcance destes.

Cosme relata que as empresas também encontram algumas barreiras na hora da contratação destes funcionários, pois a empresa não faz favores, não contrata por pena, procura pessoal com adequação, isto é, mão de obra especializada, o que não é fácil entre os deficientes.

O gerente do aeroporto completa que os deficientes têm apenas limitações físicas e que, quando contratados, a maioria supera as expectativas. Existem exceções, aqueles que não se integram ao trabalho, sendo dispensados como quaisquer outras pessoas. Só ficaram na empresa os que conseguem adaptar-se ao trabalho e realizar suas funções com eficácia.

Além dos benefícios, o gerente, diz que a maior vantagem para a empresa é saber que está participando da abertura de mercado de trabalho para as pessoas que estão à margem da sociedade.

A empresa GOL ainda está em fase de adaptação quanto à questão física para melhor atender aos seus funcionários com deficiência. Começou abaixando o cartão de ponto, colocando bancos para os microfones, etc. As adaptações necessárias para a inclusão ocorrem conforme a necessidade e a Infraero está providenciando as reformas necessárias no aeroporto.

Na preocupação com a mão-de-obra especializada, ao contratar o novo funcionário a empresa desloca-o para São Paulo, onde ele participa de um treinamento no período de uma semana. Também são oferecidos treinamentos para os colaboradores que não possuem deficiência física, a fim de que prepararem-se para a recepção dos novos colaboradores com deficiência.

Segundo Cosme, a GOL entende o termo inclusão como uma oportunidade de abrir o mercado de trabalho às pessoas deficientes. Na verdade, a empresa os vê como seres humanos que possuem limitações, mas que dentro delas assumem as atividades e as completam com sucesso.

Os deficientes da GOL são estimulados e incentivados a crescer profissionalmente dentro da empresa: já houve casos de promoções de cargos de pessoas com deficiência. Tais promoções são realizadas por competência, esforço e muito trabalho, e não por pena. Para superar o preconceito, os deficientes superam suas limitações e provam que são tão eficientes e capazes quanto as demais pessoas.

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Como referenciar: "Inclusão na Práxis" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 19/11/2025 às 13:05. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/inclusaopraxis/index.php?pagina=3