Processos Interativos na EaD: Mediação Pedagógica Através das TICs (página 5)

Para tornar a EaD possível, é necessário contar com a participação de colaboradores que ofereçam o espaço físico para os encontros presenciais. Trata-se dos polos de apoio presencial, que podem ser definidos como uma extensão da universidade nas mais diversas localidades do território nacional e/ou internacional. A este respeito, a Portaria Normativa nº 40/2007, em seu Art. 45,  1º, caracteriza o polo de apoio presencial como uma "unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relevantes aos cursos e programas ofertados a distância [...]". (BRASIL, 2007, p. 8).

A necessidade dos polos se justifica pelo Art. 1º,  1º, do Decreto 5.622/2005 que estabelece a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

I - avaliações de estudantes;
II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e
V - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

As instituições podem, ainda, adotar encontros presenciais semanais, quinzenais ou mensais para favorecer a discussão de conteúdos, realização de tarefas em grupo, palestras, conferências e outras atividades.

Para mediar a interação entre professores, alunos, tutores e instituição de ensino, utilizam-se as tecnologias da informação e da comunicação. O próximo capítulo tratará dos processos interativos na EaD através das TICs.

 4. Interação Social na EaD

Os cursos oferecidos através da modalidade EaD contam com a mediação das Tecnologias da Informação e da Comunicação, visto que os agentes (professores, alunos, equipe administrativa e outros) estão separados espacial e/ou temporalmente. Desta forma, a interação social ocorre baseada, geralmente, através de ambientes virtuais de aprendizagem, materiais didáticos (livros e videoaulas) e demais formas de comunicação (e-mail, telefone, fax e correspondência). (NETO, 2008).

Segundo o mesmo autor, em relação às TICs, não existe um modelo de EaD superior ou inferior a outro, sendo que devem ser utilizados os termos adequado ou inadequado. Ao optar por determinado tipo de tecnologia, portanto, é necessário considerar as características do público-alvo, ou seja, o domínio que este demonstra em relação à utilização das mídias. (Ibid.)

Os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007) revelam a preocupação do Ministério da Educação e Cultura em relação aos processos interativos na EaD. O documento propõe que os alunos interajam uns com os outros, bem como com os demais agentes da equipe responsável pelo programa, a fim de construir o conhecimento e conduzir os processos pedagógicos e burocráticos. É nítida, assim, a preferência por modelos de cursos a distância interativos, que eliminem a sensação de isolamento, bem como favoreçam a construção coletiva do saber de modo semelhante ao que pode ocorrer em cursos presenciais.

Neste sentido, os Referenciais de Qualidade (Ibid., p. 10) afirmam que:

O desenvolvimento da educação a distância em todo o mundo está associado à popularização e democratização do acesso às tecnologias de informação e de comunicação. No entanto, o uso inovador da tecnologia aplicada à educação deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que proporcione aos estudantes efetiva interação no processo de ensinoaprendizagem, comunicação no sistema com garantia de oportunidades para o desenvolvimento de projetos compartilhados e o reconhecimento e respeito em relação às diferentes culturas e de construir o conhecimento.
Portanto, o princípio da interação e da interatividade é fundamental para o processo de comunicação e devem ser garantidos no uso de qualquer meio tecnológico a ser disponibilizado.

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) correspondem à virtualização de um espaço real adequado de construção do conhecimento. Esta pressupõe que o aluno desenvolva autonomia, ou seja, que ele não somente absorva informações, mas proponha novos saberes, relacione os conteúdos estudados com a realidade que o envolve e, especialmente, trabalhe em equipe. Neste sentido, os AVAs podem ser definidos como

sistemas que combinam funcionalidades relacionadas à disseminação, produção, armazenamento e recuperação de informações; possibilitam comunicação e interação síncrona e assíncrona entre sujeitos; suportam o desenvolvimento de trabalhos colaborativos e cooperativos; auxiliam na organização do processo de aprendizagem em nível individual e coletivo, à gestão dos processos de ensino e aprendizagem e do próprio ambiente. (SCHLEMMER, 2009, p. 13).

As referidas funcionalidades dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem incluem ferramentas tais como chats, fóruns, bibliotecas virtuais, avaliações e mural de recados, dentre outras. O modo como cada uma é explorada traduz a concepção pedagógica subjacente à proposta do curso, sendo as teorias interacionistas da construção do conhecimento as mais indicadas aos modelos que prezam pela construção coletiva e colaborativa do saber. (GARRIDO, 2009).

A partir de uma perspectiva teórica baseada nos estudos de Lev Semionovitch Vygotsky, é possível utilizar o chat ou sala virtual de bate-papo como uma ferramenta que permite a interação entre diversas pessoas através de mensagens escritas sincronicamente, ou seja, todas as pessoas podem dialogar entre si em um mesmo intervalo de tempo. Na concepção de Moore e Kearsley (2008), os chats podem favorecer discussões baseadas em perguntas e respostas, bem como a complementação das interações assíncronas através de uma comunicação espontânea. Esta sempre se baseia nos conhecimentos já construídos pelos participantes e/ou em vias de se construírem, conforme o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal citado no segundo capítulo deste artigo.

Capelão e Kampff (2007, p. 125), sobre os chats, afirmam que:

Do ponto de vista educacional, as ferramentas de bate-papo são bastante úteis, pois permitem interagir e esclarecer dúvidas em temo real. Uma sala de bate-papo, para um troca efetiva, não deve ter muitos participantes, para que todos possam contribuir, lendo e postando idéias. Cabe destacar que, em discussões educacionais, é importante existir o papel do mediador (professor ou aluno), que retoma o foco da discussão quando outros se distanciam dele e que apresenta questões instigadoras quando o grupo está apático.

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