Processos Interativos na EaD: Mediação Pedagógica Através das TICs (página 4)

3. A Modalidade EaD

A Educação a Distância é a modalidade educacional em que alunos e professores estão distantes no espaço e/ou no tempo mediados pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação. Trata-se de realizar atividades de ensino-aprendizagem sem que discentes e docente compartilhem o mesmo espaço físico, o que pode gerar uma comunicação síncrona ou assíncrona. (MOORE; KEARSLEY, 2008).

É necessário enfatizar o conceito de Educação, embutido no termo EaD. Ele corresponde ao processo de formação integral do sujeito, desenvolvendo todas as suas capacidades (cognitivas, afetivas, sociais, éticas, estéticas, criativas e outras). É necessário considerar, conforme este conceito, que a Educação envolve os processos de ensino e aprendizagem, pois ambos são interdependentes (FREIRE, 2000).

Sobre a importância da Educação a Distância na atualidade, Neto (2008, p. 13) afirma que

[...] há educadores que defendem a idéia de que, sendo a educação fruto do diálogo, da colaboração, da troca ampla e contínua de idéias e experiências, e sendo tal interação plenamente possibilitada ? e até potencializada ? pelos meios tecnológicos dos quais dispomos nos dias de hoje, a educação a distância não é somente possível, mas desejável, viável e eficaz.

No Brasil, a EaD possui apoio legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). Neste sentido, a LDB determina que:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. 
 -  1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
 - 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
 - 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.
  - 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 2006, p. 59).

O mundo atual se caracteriza pelo acesso e utilização em massa da informação e do conhecimento, fato que confirma a necessidade de um novo paradigma da Educação, o da construção do saber. Tal modelo exige a autonomia do sujeito para o desenvolvimento das habilidades, que antes eram construídas apenas em um espaço físico determinado, a sala de aula.

A este respeito, Moore e Kearsley (2008) afirmam que cada vez mais os professores da Educação Presencial utilizam as TICs para auxiliar seu trabalho pedagógico em sala de aula e para complementá-lo a distância. Trata-se, assim de um aprendizado diversificado, que contribui para a ampliação das oportunidades de construção do conhecimento, democratizando-o.

Aqui reside uma outra característica que diferencia a Educação a Distância da Presencial. Trata-se do fato de que esta utiliza as tecnologias para apoiar o trabalho pedagógico do professor, enquanto a primeira é totalmente dependente das TICs.

No contexto desta modalidade de Educação, torna-se necessário abordar os principais agentes nela envolvidos. O primeiro deles é o aluno, que deve desenvolver cinco habilidades representadas pela palavra POEMA (participativo, organizado, estudioso, metódico e autônomo). Não basta a este discente apenas receber informações do professor, sendo que ele deve, pelo contrário, buscar o conhecimento, agregá-lo aos seus esquemas de pensamento a partir da internalização consciente dos conceitos e utilização dos saberes na vida cotidiana. (VYGOTSKY, 2000).

A equipe docente envolve o professor-autor dos materiais didáticos, o professor-regente virtual, o professor-tutor virtual e o professor-tutor presencial. As funções de cada um foram definidas por Belloni (2006), sendo que neste trabalho utilizam-se terminologias diferenciadas abaixo conforme a realidade em estudo, mas baseadas nas definições da referida autora.

O professor-autor dos materiais didáticos é responsável por preparar o conteúdo dos livros, módulos e vídeo-aulas. Pode-se afirmar que compete a ele a função de construir a vertente teórica do curso. Já o professor-regente virtual é responsável por conduzir as atividades nos modelos de EaD que utilizam plataformas virtuais de aprendizagem. A publicação de exercícios, provas on line e fóruns, por exemplo, é responsabilidade deste segundo membro da equipe docente, que poderá ser o mesmo que concebeu os materiais didáticos.

A figura do professor-tutor virtual é responsável por acompanhar o desempenho dos alunos na plataforma virtual ao desenvolverem as atividades propostas pelo professor-regente. Ambos podem sanar as dúvidas apresentadas pelos cursistas, de modo a constituir um apoio à compreensão e assimilação dos conteúdos da aprendizagem.

O professor-tutor presencial pode ser considerado o aplicador da proposta do professor-regente virtual. Na verdade, é este profissional que acaba por representar a instituição de ensino perante o aluno, pois é ele quem dinamiza os encontros presenciais com os cursistas, transmitindo o plano didático do professor-regente e promovendo discussões sobre as tarefas propostas. Assim, ele atua como um apoio ao aluno e à instituição no que diz respeito ao conteúdo do curso e às atividades a serem desenvolvidas.

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