Você está em Artigos

Leitura no Primeiro Ano das Séries Iniciais: uma construção de significados (página 5)

O que se propõe como reflexão é que muito fatores entram em jogo quando se discute leitura. O ensino fomentado por políticas públicas giram essencialmente  em torno dos métodos sem considerar as questões sociais, políticas, econômicas, culturais das quais originam o leitor, um sujeito social, antes do contato com o texto.

O aprendizado de leitura depende também da organização geral da escola e do seu entorno, da política coerente que a equipe pedagógica decide adotar para o ensino em seu conjunto; das articulações possíveis com parceiros; da consideração de público-alvo não apenas o corpo discente, mas também os que estão à margem do sistema educativo institucionalizado, enfim, das comunidades carentes de oportunidades de participação social.

Em vista da importância das idéias expostas, garantir acesso à leitura passa a ser uma tarefa de responsabilidade da sociedade como um todo. Para que isso aconteça, a prática de leitura inserida no contexto social, deve implicar um processo contínuo de formação de leitores, por meio de programas educativos que atuem em duas direções: desenvolver tanto habilidades de leitura de diversos gêneros textuais como também atitudes favoráveis à leitura enquanto veículo de aquisição de novos conhecimentos e de aprimoramento cultural.

É necessário um rigoroso mapeamento da situação atual, não apenas da escola, mas do contexto social em todas as suas vertentes: econômicas, políticas, culturais, na medida em que a escola é parte de um todo.

O desafio é o de vincular a escola a este contexto sem, no entanto, perder a sua identidade, sua autonomia. Começar por construir visibilidade deste panorama é a ação primordial para se repensar percursos de uma educação que, efetivamente, seja de todos, para todos. Assim tornaremos a educação um trunfo indispensável à humanidade na sua construção de seus ideais.


A leitura na escola: Uma construção de significativos


Com base no resgate histórico anteriormente feito, percebe-se que o ingresso da criança em estabelecimento específicos de educação, se deu principalmente em decorrência das transformações socioeconômicas do cenário mundial como: a industrialização, o crescimento urbano e a participação da mulher no mercado de trabalho.

Essa conjuntura pressiona o modelo até então vigente, onde a família se preocupavam com a educação dos "pequenos" para que esta seja completada por outra instituição, nesse caso a escola.

A conjugação desses fatores ensejou um movimento da sociedade civil e de órgãos governamentais a mudar a concepção quanto ao trato com as crianças, sobretudo com as transformações ocorridas nas formas de organizações familiares, pois a partir do momento em que mulher precisa sair par o mercado de trabalho, toda a dinâmica educativa condiciona a mudar.

Nesse cenário de mudanças de paradigmas, ganha força uma tendência que buscava enfatizar a educação escolar, em particular o processo de leitura e escrita, a partir do contexto institucional, como de suma importância para  as crianças. Tendência esta que se fez advinda de argumentos consistentes dos estudiosos e teóricos que investigaram o processo de desenvolvimento infantil. Aquino apud Roman e Steyer (2001, p.33) diz que:

A educação integral deverá inserir no seu currículo também o ensino, através das primeiras noções de mundo. Esta educação poderá ser oferecida em instituições organizadas na forma de creche (berçário, maternal), ou pré-escola, para as crianças a partir de quatro anos de idade.

Reconhecimentos como esse contribuíram para o ingresso da criança em estabelecimentos oficiais, como os citados pela autora em busca de uma educação que vise à formação integral, a partir do entendimento de leitura e de escrita, tendo em vista ás demandas peculiares e complexas do ser humano.

Embora o número de estabelecimentos abertos para o desenvolvimento do processo educativo infantil tenha se ampliado, muitas dificuldades ainda impedem a compreensão plena, clara e objetiva no que diz respeito a esse nível de educação, uma das maiores já constatadas se dá pelo processo de ensinar a ler e a escrever. Há uma grande variedade de métodos de abordagem, isolados um dos outros que ainda não concebem adequadamente a natureza desse processo, nem que entendem o significado  da construção de conhecimentos nessa fase inicial da criança, fase essa abordada pelo processo de alfabetização, de letramento.

De acordo com Cardoso (1995, p.53): "A educação vista pelo paradigma holístico, é a capacitação global do individuo [...]. "Educar é facilitar e orientar o aprendiz no caminho do crescimento da pessoa como um todo".

E para esse reconhecimento do ser como um todo, se faz prudente que o educando se veja como sujeito ativo, capaz de se compreender o seu contexto, esse processo somente será possível quando as funções de leitura e escrita começarem a se efetuarem.

Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Leitura no Primeiro Ano das Séries Iniciais: uma construção de significados" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 05/05/2024 às 04:39. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/leitura/index.php?pagina=4