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A leitura enquanto instrumento de ação e transformação que se concretiza na relação professor x aluno
Autor: Carlos César de Oliveira
Data: 16/01/2017
Face a isto, as discussões sobre o ensino de língua portuguesa ganharam uma outra dimensão, tendo em vista as questões que envolvem o ambiente escolar, principalmente no que concerne à leitura e a sua aplicabilidade em sala de aula. Venho observando que essas discussões têm contribuído para promover uma reflexão sobre o valor da leitura e questionando alguns paradigmas da escola que, durante muito tempo, se pautou apenas no uso da gramática normativa.
Diante desse novo contexto, tornou-se necessário repensar e aprimorar o ensino, dando ênfase a leitura, a compreensão do texto e a produção textual. Dessa forma, a leitura adquire um papel fundamental na escola, colaborando para que o educando tenha contato com a pluralidade de informações e significados que estão presentes no texto. A partir desse contato ele consegue refletir e inferir acerca do mesmo, construindo, assim, uma análise crítica da realidade a partir da construção do conhecimento mediada pelo professor.
É importante destacar que a ideia de escrever sobre esse tema tem seu fundamento na práxis vivenciada na experiência com alunos do Ensino Fundamental e Médio. Por meio dessa experiência foi possível constatar que, diariamente, os alunos fazem diversas leituras da realidade por eles vivenciadas e que o exercício da leitura se torna mais prazeroso quando ele consegue estabelecer uma relação entre a mensagem e sua história de vida.
Seguindo esse pensamento, foi possível constatar que o aluno observa com mais atenção aquilo que faz parte do seu mundo, despertando o desejo de ler através da ressignificação do enredo ou da mensagem proposta pelo professor. Por esse motivo, torna-se imprescindível conhecer as particularidades do mesmo, para assim iniciar o processo de construção através da leitura.
Com esse olhar mais sensível para a realidade do educando, é possível criar um ambiente que estimule não somente à leitura, mas a uma participação mais ativa nas aulas, elevando a capacidade de questionar, inferir ou até mesmo de dialogar com o professor e demais colegas.
Face a isto, pode-se concluir que o exercício da leitura é imprescindível para o bom andamento da sala de aula. Por meio dele, os alunos têm contato com um outro universo e, em função disso, ampliam os seus conceitos seja através da reflexão sobre o texto ou por meio da socialização com os colegas.
Nesse sentido, a leitura é uma ferramenta de fundamental importância para a construção do conhecimento, tendo em vista o seu poder de cooperar com o desenvolvimento das habilidades linguísticas, de favorecer para uma melhor compreensão da realidade e, de forma mais específica, pela sua capacidade de estimular ao contato com várias tipologias textuais.
A respeito disso, convém ressaltar que a leitura é, também, um instrumento de aprendizagem que contribui para o desenvolvimento da oralidade e da escrita, por esse motivo ela se torna essencial para o ser humano, visto que pode levá-lo a enxergar os fatos de forma mais crítica, favorecer, assim, para a compreensão da realidade.
Pensando nisso, acredita-se que uma das maneiras mais efetivas para identificar o nível de leitura dos alunos é através de uma avaliação diagnóstica. Assim, o professor terá uma compreensão mais ampla do cenário ou da realidade de cada turma e poderá desenvolver ações de acordo com o perfil e as necessidades dos alunos. Por meio deste diagnóstico, realizado nos primeiros dias de aula, ou mesmo no início de cada aula, o professor poderá nortear suas ações e definir a melhor estratégia de trabalho, de forma que os objetivos sejam alcançados.
A realização do diagnóstico, ora proposto, possibilitará com que o professor tenha o mapeamento das necessidades dos alunos e, diante desse cenário, poderá atuar de maneira mais efetiva, face ao dinamismo da sala de aula, seja com relação à leitura ou à sistematização do conhecimento com foco na melhoria do desempenho e no desenvolvimento da aprendizagem.
Neste sentido, ao ler na sala de aula, é imprescindível que o professor valorize o conhecimento do aluno, fazendo as ponderações necessárias à fim de criar um ambiente de interação propicio à prática da leitura e à troca de experiências entre os alunos, resultando, assim, em um rico processo de construção do saber.
Do ponto de vista pedagógico, convém lembrar que através do estímulo à leitura o professor estará inovando a sistemática de ensino e, ao mesmo tempo, demostrando aos alunos que a linguagem pode variar dependendo da situação, do local e do grupo social ao qual ele pertence. Por esse motivo é importante ter clareza de que ao explorar o texto, o educando agrega a ele uma série de significados construídos a partir da sua visão de mundo. E é justamente com base nessa visão que ele faz associações, que ele questiona a realidade e, ao mesmo tempo, através dos elementos gramaticais presentes no texto, rompendo assim, muitas vezes, com a artificialidade da linguagem textual.
Em se tratando de valor da leitura, é importante frisar a relação intertextual que possibilita com que o aluno relacione ou compare o texto lido com outros textos que ele conhece, com outras tipologias textuais ou até mesmo com a sua própria história de vida. Enfim, todos esses fatores contribuem para estimulá-los, fazendo com que os mesmos se sintam importantes e partícipes desse processo de construção do conhecimento.
Destaque-se, ainda, que o ato de ler implica em atribuir uma significação ao texto, procurando estabelecer relações entre o texto lido e seus significados. Para isso, o leitor deve ser ativo e capaz de atribuir significações ao texto. Entretanto, o que emerge do ambiente escolar são os desafetos de professores que lamentam ou criticam o fato de que crianças e jovens que não gostarem de ler.
De fato, esta é uma realidade presente nas escolas e vários fatores têm contribuído para que isso aconteça, inclusive fatores inerentes à própria escola que pouco incentiva à leitura e, quando incentiva, muitas vezes dificulta o acesso, pelo distanciamento entre o texto proposto e a realidade vivenciada pelo educando. Isto significa dizer que a escola dentro de suas concepções pedagógicas não consegue ultrapassar os seus muros e chegar até a comunidade, desvalorizando os saberes construídos no cotidiano do aluno.
Dentro do ambiente escolar, o que se observa são afirmações do tipo o aluno não gosta de ler, porém quando mal discutidas podem transformar-se em preconceito ao fato do aluno não ter o hábito de ler e, por conseguinte, não realizar a leitura desejada pela escola. Daí a importância da sensibilidade do professor, através de uma avaliação diagnóstica e da atuação de sua equipe pedagógica, no estudo e definição de novas estratégias de fomento à leitura.
Como referenciar: "A leitura enquanto instrumento de ação e transformação que se concretiza na relação professor x aluno" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 20/01/2025 às 02:57. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/leiturainstrumento/