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O Ensino da Matemática nas Classes de Alfabetização: Como é? Como deveria ser? (página 2)


Já Decroly defendia o trabalho coletivo, dizia que as crianças aprendem coletivamente e crescem em sociedade. Foi um dos precursores da idéia de globalização de conhecimentos, em que as crianças aprendem com base em uma visão do todo para depois particularizá-la. Do caos à ordem. Assim a escola deve preparar a criança para o mundo desenvolvendo o intelecto.

Os métodos e as atividades propostas pelo educador têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão. A observação é a compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu. (Revista Nova Escola: grandes pensadores, 2005, p.35).

Após a grande primeira guerra vários pesquisadores e estudiosos da pedagogia, psicologia, sociologia e antropologia, defendiam seus posicionamentos acerca da educação infantil, suas idéias proporcionaram o surgimento do Movimento das Escolas Novas, que defendia, segundo Zilma Oliveira, uma educação voltada para o pensamento infantil e os interesses e necessidades próprias da infância. A escritora diz: "[...] a aprendizagem não se faria pela recepção passiva de conteúdos já formulados, mas pela atividade da criança em experimentar, pensar e julgar, especialmente em pequenos grupos" (OLIVEIRA, 2002, p. 76).  

No Brasil, os primeiros a trabalharem a educação das crianças formam os padres jesuítas no período chamado heróico (1549-1570), pela história da educação brasileira. Aqui, fazia-se o recolhimento das crianças indígenas dando ênfase à oralidade no ensino dos pequenos.

No período que antecede o advento da República e a introdução das idéias européias e norte-americanas ao nosso país, houve um grande entusiasmo que fermentou o debate sobre a educação. Contudo uma conseqüência destruidora e amarga foi a defesa do assistencialismo na educação infantil, sendo ela uma educação compensatória aos desafortunados socialmente e não uma forma de crescimento intelectual e social para o desenvolvimento integral do cidadão.

Retornando ao Velho Mundo vemos os avanços de mentalidade sobre o ensino infantil. Com a criação do jardim de infância froebeliano, para os afortunados financeiramente, e ainda o aspecto assistencialista para os pobres. No mundo sempre houve desigualdades. O que marca é o aspecto objetivo da educação infantil na Europa: "[...] o desenvolvimento da criança sob todos os aspectos - corporal, intelectual e afetivo - a aprendizagem de diferentes meios expressivos e o preparo para a escola elementar [...]" (OLIVEIRA, 2002, p. 82).

Retornando a Terra Brasilis percebemos as reivindicações feitas pelas mulheres que trabalhavam nas fábricas quanto a necessidade do cuidado de seus filhos enquanto elas trabalhavam.

Com a chegada dos imigrantes nas fábricas houve melhor organização sindical e reivindicações para a melhoria do trabalho. Como a condição da mulher era pouco discutida, pois o patriarcalismo na cultura brasileira enfatizava a condição submissa da mulher, deixando-a como "a dona do lar", e somente isso. Assim, o debate sobre a educação infantil era visto como algo paliativo, sem importância.

Com a realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, em 1922 no Rio de Janeiro, surgem as primeiras regulamentações do atendimento de crianças pequenas em escolas maternais e jardins de infância.

A CLT - Consolidação das Leis do Trabalho - de 1943, conta com algumas determinações sobre o atendimento dos filhos das trabalhadoras com o intuito de facilitar a amamentação durante a jornada de trabalho.

O discurso populista da década de 1940 a 1960 cria a Casa da Criança, entidade vinculada ao Departamento Nacional da Criança que fazia parte do Ministério da Educação e Saúde da época. Com a criação do Ministério da Educação é criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4024/61) incluindo os jardins-de-infância no sistema de ensino.

Com a explosão de teorias nos Estados Unidos da década de 1970, o fracasso escolar da criança tinha origem na privação cultural pelas quais eram submetidas. Isso passou a sustentar a educação compensatória e influenciar nas decisões políticas para a educação infantil.

[...] foram sendo elaboradas propostas de trabalho para as creches e pré-escolas que atendiam a população de baixa renda... visavam à estimulação precoce e ao preparo para a alfabetização, mantendo, no entanto, as práticas educativas geradas por uma visão assistencialista da educação e do ensino (OLIVEIRA, 2002, p. 109). 

Devido a isso, é renovada a legislação educacional brasileira com a Lei 5692/71, que traz novidades à área infantil. Ela autoriza que outras entidades que sejam equivalentes ao maternal ou ao jardim de infância possam prestar educação a crianças de idade inferior a 7 (sete) anos.

Vários projetos foram criados com o intuito de alfabetizar e prestar assistencialismo às pessoas, os de maior destaque foram o "Casulo" (criado em 1977) e "Mobral" (criado pelo regime militar). Em virtude disso, o debate sobre a natureza da educação infantil ganhava fôlego e novos adeptos.

Com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, há a concretização das conquistas dos direitos das crianças promulgadas pela Constituição.

A criança e o adolescente têm o direito à educação, viando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho (ECA, 1990, Art. 53, p. 22).

É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade (ECA, 1990, Art. 54, Inciso IV).

Em defesa de um novo modelo de educação infantil, várias entidades de classes e organizações não governamentais foram impulsionadas à discussão para a formulação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), eclodindo na aprovação da referida Lei pelo Congresso Nacional em 1996 (Lei 9394/96), que estabelece a educação infantil como etapa inicial da educação básica, expande o conceito de educação e dá autonomia às entidades oferecedoras de ensino e aprendizagem.

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Como referenciar: "O Ensino da Matemática nas Classes de Alfabetização: Como é? Como deveria ser?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 20/04/2024 às 10:29. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao/index.php?pagina=1