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Música e Educação: Contribuições da Prática Musical para o Processo de Formação do Indivíduo em Ambiente Escolar (página 4)


Ao assumir o papel de mediadora, a educação passa a educar "com os homens", considerando e respeitando seus diferentes processos humanitários, valores culturais, suas situações sociais e relações com o meio em que estão inseridos; passa a realçar a esperança que lhes é intrínseca e que os move para "ser mais", criar e recriar a realidade, descartando a esperança passiva, que cruza os braços e aguarda soluções externas para emergências internas; radical que é, rompe o dualismo "homem-mundo" fazendo florescer o pensar crítico e verdadeiro que, ao invés de adaptar-se à realidade, lhe dá forma através da ação. Freire diz que:

O que importa, realmente, ao ajudar-se o homem é ajuda-lo a ajudar-se. E aos povos também. É faze-lo agente de sua própria recuperação. É, repitamos, pô-lo numa postura conscientemente crítica diante de seus problemas (FREIRE, 1984. p. 58)

Nessa perspectiva, chamamos atenção para o tipo de conhecimento que a escola deve valer-se para cumprir com eficiência seu papel de mediadora do processo de humanização. Para Michael Young há dois conhecimentos distintos: "conhecimento dos poderosos" e "conhecimento poderoso". Segundo o autor:

(...) O "conhecimento dos poderosos" é definido por quem detém o conhecimento. Historicamente e mesmo hoje em dia, quando pensamos na distribuição do acesso à universidade, aqueles com maior poder na sociedade são os que têm acesso a certos tipos de conhecimento; é a esse que eu chamo de "conhecimento dos poderosos". É compreensível que muitos críticos sociais do conhecimento escolar equiparem o conhecimento escolar e o currículo ao "conhecimento dos poderosos". Ele realmente o foi, depois que todas as classes altas no início do século XIX dispensaram seus professores particulares e mandaram seus filhos para as escolas públicas para adquirir conhecimento poderoso (e também, é claro, para adquirir amigos poderosos). No entanto, o fato de que parte do conhecimento é o "conhecimento dos poderosos" ou conhecimento de alto status, (...), não nos diz nada sobre o conhecimento em si. Assim, precisamos de outro conceito, no enfoque do currículo, que chamarei de "conhecimento poderoso". Esse conceito não se refere a quem tem mais acesso ao conhecimento ou quem o legitima, embora ambas sejam questões importantes, mas refere-se ao que o conhecimento pode fazer, como, por exemplo, fornecer explicações confiáveis ou novas formas de se pensar a respeito do mundo (grifo nosso). (YOUNG, 2007, p. 1294)

Young diferencia o conhecimento em dois tipos de conhecimento: conhecimento dependente do contexto, de natureza procedimental (como um manual ou conjunto de regras e saúde) ou prático (como achar um caminho no mapa ou reparar um defeito mecânico ou elétrico); e conhecimento independente de contexto ou conhecimento teórico, desenvolvido para fornecer generalizações e para buscar a universalidade. É a este último conhecimento que o autor se refere como conhecimento poderoso.
   
Na capacitação dos alunos para a aquisição do conhecimento poderoso as escolas devem, segundo Young, questionar se o currículo adotado consiste em um meio para tal fim. O conhecimento prévio dos alunos deve ser considerado para a elaboração de uma estratégia pedagógica eficiente, mas não quer dizer que seja a única e exclusiva fonte de saber. O que trazem os alunos é de suma importância como base para o diálogo, para o reconhecimento do indivíduo enquanto ser social; o educador-mediador faz a ponte entre este conhecimento prévio e o conhecimento poderoso, trilhando o percurso em conjunto com os alunos. Ainda segundo o autor:

Para crianças de lares desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares. (YOUNG, 2007, p. 1294)

Ao aproximar os indivíduos no trajeto que parte de seus universos particulares à uma consciência existencial mais ampla, com acesso ao conhecimento poderoso, as escolas cumprem sua função mediadora valendo-se do legado cognitivo construído pela humanidade ao longo dos tempos e reconhecendo os homens como atores ativos na construção histórica e na interação com o planeta. Teca Alencar de Brito exemplifica:

Desse modo, cabe ao educador facilitar situações para uma aprendizagem autodirigida, com ênfase na criatividade, em lugar da padronização, da planificação e dos currículos rígidos presentes na educação tradicional. Mais do que programas que visam a resultados precisos e imediatos, é preciso contar com princípios metodológicos que favoreçam o relacionamento entre o conhecimento (em suas diversas áreas), a sociedade, o indivíduo, estimulando, e não tolhendo, o ser criativo que habita em cada um de nós. "É preciso aprender a apreender do aluno o que ensinar", repetia sempre Koellreutter (BRITO, 2001. P. 30)

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Como referenciar: " Música e Educação: Contribuições da Prática Musical para o Processo de Formação do Indivíduo em Ambiente Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 18/10/2025 às 17:59. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/musica_educacao_contribuicoes/?pagina=3