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O Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa em Escolas Públicas: o Real e o Ideal (página 2)

2. O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA

Para Siqueira (2005) é público e notório que o inglês é o idioma principal da sociedade contemporânea. Como chama o autor "[...] o latim dos tempos modernos".  Portanto, não é um fenômeno que vem passando despercebido, pelo contrário, é possível ver que esta língua que atingiu um patamar que serve de pauta para diversos fins sociais, políticos, econômicos e institucionais.

Atualmente, o inglês é a língua nativa de mais de meio bilhão de pessoas oriundas tanto do centro quanto da periferia do globo. É a língua mais falada do mundo por não nativos e, provavelmente, o único idioma que possui mais falantes não nativos que nativos. São três falantes não nativos para cada falante nativo (SIQUEIRA, 2005, p. 14).

Observa-se que a pluralidade de situações em que um se depara com os discursos construídos em inglês em diversos meios de comunicação como a televisão, internet, livros, propagandas faz com ressalte a importância de seu ensino. Para Lopes (2003) a língua inglesa é atualmente responsável pela grande parte das informações disseminadas acerca dos fatos que acontecem em todo o planeta.

E corrobora Rajagopalan (2005) que o significado do ensino inglês se traslada a importância que dão os pais em promover em seus filhos o conhecimento dessa língua estrangeira, colocando-a não somente como uma segunda língua, mas, sobretudo como um determinante para o crescimento pessoal e profissional de seus filhos. 

Utilizando-se um pouco do aporte da teoria da linguagem para solidificar a importância do ensino da língua inglesa, se pode citar a Daniels (2001, p. 12) que vê a linguagem como o "mais poderoso e penetrante dos dispositivos semióticos - funciona como uma ferramenta psicológica na construção da consciência individual". Observa-se que o autor apresenta uma percepção de aprendizagem da língua como uma produção de sentidos onde o ser humano cria e se recria continuamente. 

E ainda, como descrevem Spink e Medrado (2004, p.48) a linguagem em sua expressão polissêmica permite as "[...] pessoas transitar por inúmeros contextos e vivenciar variadas situações".  Isso ressalva o objetivo maior que é a compreensão que se reproduz no cenário contemporâneo com a aprendizagem do inglês.   
Para tanto, percebe-se que o ensino da língua dever ter como ponto inicial para aprendizagem um fator importante; de um constante relacionamento com o cotidiano, com o que acontece na rotina diária das pessoas, de maneira que permita ao indivíduo satisfazer suas necessidades pessoais.

No entanto, quando o tema passa para o dia a dia, observam-se certos entraves no cenário brasileiro, advindos de uma época em que a língua inglesa, era considerada como apolítica e agente do imperialismo americano, e onde o ensino se baseava na prática de diálogos descontextualizados e memorizados sem significância social.

Abordam Pagliarini Cox e Assis-Peterson (2001, p. 17) que foi somente a partir dos anos de 1970 que frente à noção de competência comunicativa, que o ensino do inglês passou a ser percebido como uma habilidade funcional, onde não somente se deveriam incluir regras gramaticais, como também "[...] uma competência pragmática, exigida para a interpretação, expressão e negociação de sentido no contexto imediato da situação de fala. O foco das atividades da sala de aula se desloca da forma (correção gramatical) para o sentido (fluência comunicativa)".

Porém, esse enfoque comunicativo, entra também em declínio, onde os teóricos começam a questionar o caráter apaziguador e harmônico do ensino de inglês, como um meio de conhecer outra cultura e fazer amigos. Frente a um mundo globalizado, capitalista, democrático, inovador e moderno não se podem conceber o idioma apenas como uma mera percepção passiva. Descrevem Pagliarini Cox e Assis-Peterson (2001, p. 4) que pensadores como Pennycook aludem ao ensino do inglês, como um instrumento da comunicação global, onde:

Quem ensina inglês não pode deixar de se colocar criticamente em relação ao discurso dominante que representa a internacionalização do inglês como um bem, um passaporte para o primeiro mundo. Quem ensina inglês não pode deixar de considerar as relações de seu trabalho com a expansão da língua, avaliando criticamente as implicações de sua prática na produção e reprodução das desigualdades sociais. Quem ensina inglês não pode deixar de se perguntar se está colaborando para perpetuar a dominação de uns sobre os outros.

Tomando como foco de análise, o ensino do inglês, no mundo moderno, comenta Rocha (2006) que em muitos países da União Europeia, da Ásia e da África, o ensino se desenvolve por um período relativamente longo, onde os objetivos estão explicitados e os referenciais teóricos bem constituídos. Ao contrário, na América do Sul, a expansão do ensino do inglês se expressa de maneira bastante aleatória. E em relação ao cenário educacional brasileiro, a aprendizagem do idioma se apresenta em uma teorização incipiente.   

Descreve Oliveira (2003) que se reconhece na literatura uma ineficiência em relação a ensino em grande parta das escolas do setor público.

Diante dos fatos apresentados, é possível ver também que os resultados insatisfatórios quanto ao ensino de línguas estrangeiras, como neste caso, o inglês; faz insurgir por parte de alguns pesquisadores o interesse de compreender o que influencia na prática do professor, e no desempenho do aluno dentro da relação ensino-aprendizagem.

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Como referenciar: "O Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa em Escolas Públicas: o Real e o Ideal" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 02:34. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/o_ensino_aprendizagem/index.php?pagina=1