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A Construção de um Paradigma Pedagógico na Prevenção da Corrupção a partir da Análise Simbólica desse Fenômeno na Recente Produção Cultural para o Público Infantil (página 5)

5.2 - A perspectiva emancipatória

Quando falamos de um novo paradigma nesse oceano pós-moderno, não se trata de uma doutrinação ideologizante e sim de uma atuação em uma perspectiva emancipatória , onde educar é um ato político, incluindo também a participação na vida comum. A prevenção da corrupção, mais do que colocar medo no coração dos corruptos, deve mostrar, desde a tenra idade, a responsabilidade individual no âmbito coletivo de cada um. "Fazendo-se e refazendo-se no processo de fazer a história, como sujeitos e objetos, homens e mulheres, virando seres na inserção do mundo e não da pura adaptação ao mundo, terminarm por ter no sonho também o motor da história. Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança (FREIRE, p.91)".

A ação emancipatória na prevenção a corrupção deve alimentar o sonho, a visão de uma sociedade melhor e mais democrática, com a participação de todos. Não o sonho de ser um herói, como veiculado por tanto tempo e sim um modelo teórico que apresente a cada cidadão, desde cedo, a importância da sua participação. Precisamos de histórias que tenham personagens principais e não um super-protagonista.

Essa mobilização deve partir da realidade das pessoas, associando as suas mazelas a necessidade de participação, a sua ação controlando o Estado, não esperando apenas que o poder A ou B faça esse papel e sim se organizando, em grupo, para denunciar as irregularidades no trato com a coisa pública a acompanhar a gestão dos recursos. Idéias modernas, sintonizadas com as idéias de  Mauro Cappelletti e a sua terceira onda renovatória do Direito, que dá ao Check and balances uma nova roupagem, fazendo do controle uma responsabilidade de cada poder e de seus usuários.

 Esse paradigma do "herói dos dias úteis", permite que mesmo vendo o aparelho estatal como falível, sujeito a ação humana, este não fique imerso em um mar de lama e que é viável, da melhor maneira possível, fazê-lo funcionar e trazer uma vida melhor para a comunidade, a sua finalidade precípua. Mas, para isso, sonhar é fundamental, pensar para além do bem e do mal, vendo que somos responsáveis por construir essa sociedade melhor.

5.3 - A educação para o Erário

Após verificarmos a produção cultural como veículo de valores e como reflexo de culturas, em uma análise da produção voltada para o público infantil, chegamos ao ponto que existemn valores a serem trabalhados na prevenção da corrupção e que a produção cultural pode ser um veículo da discussão dessa temática. Essa questão, obviamente, não pode passar ao largo dos bancos escolares, dos currículos, dos livros didáticos, o que em si demandaria outro artigo sobre o assunto. Mas, no caso em tela se vislumbra o fomento a produção de livros  e desenhos animados infantis, a criação de sites infantis, de histórias em quadrinhos,  a promoção de debates e capacitações de profissionais da área da produção voltada ao público infantil (desenhistas, roteiristas, escritores), todos em ações voltadas para a temática da prevenção da corrupção e do controle social, trazendo esse tema em maior profundidade para o universo infantil, questionando valores e conceitos. O paradigma da crítica pura deve ceder lugar a transformação da realidade, rompendo o reprodutivismo na produção cultural.

Mas, como discutido a mancheias nesse artigo, a produção cultural não deve ser alienante, impositiva. O importante é despertar naqueles que criam para as crianças que o tema da participação social e da prevenção a corrupção também é do interesse delas . Faz-se mister que esses tenham acesso as novidades e discussões sobre a temática. Destarte, esse raciocínio se expande dos bancos escolares, em uma perspectiva freireana de emancipação, buscando utilizar os elementos da realidade do educando  para lhe ensinar a importãncia de participar da vida política de seu país não apenas no momento da eleição. Essas ações permitirão o protagonismo na participação que foi tão açoitado pelo regime ditatorial em nosso país. O momento é fértil, com a ebulição das comunicações, a descentralização das políticas públicas, a formação de redes sociais e a consolidação da democracia no país. Esse assunto tem que entrar na agenda de nossas crianças, pela via da escola e  pela via da Televisão e do livro. Essa criança será o jovem engajado, participativo das questões da gestão de sua localidade, contrapondo-se ao jovem individualista-consumista da era tecnologica, pois a mesma tecnologia que une também individualiza o ser humano.

6 - Considerações finais

O assunto é vasto e muito ainda se tem a discutir sobre os paradigmas pedagógicos de uma ação para prevenção da corrupção junto ao público infantil. Entretanto, certo é que as crianças de hoje tem acesso a muita informação e continuam sendo bombardeadas de idéias inseridas nas múltiplas produções que elas assistem. A democracia, como valor, suplantou em nossa história outras formas de governo e a prática democrática demanda aprendizado e reflexão e sem que esse tema passe pelas produções para as crianças, o Rei que domina o país pela sua hereditariedade e governa segundo a sua vontade continuará por aí, encantando o mundo infantil.

7- Referências Bibliográficas

FRANÇA, Bárbara Heliodora. O barnabé: consciência política do pequeno funcionário público. São Paulo: Cortez, 1993- (Coleção questões da nossa época;V.17)

KLITGAARD, Robert E. A corrupção sob controle. Tradução, Octávio Alves Velho. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlete Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

BERGER, Peter L. & LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: Tratado de sociologia do conhecimento. Tradução de Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis, Vozes, 1985.

WOLTON, Dominique. Pensar a comunicação. Tradução de Zélia Leal Adgrhini. Brasília: editora UnB, 2004.

SOUZA, Rodriane de Oliveira in Política Social, família e juventude: uma questão de direitos. Mione Apolinário Sales, Maurílio  Castro de Matos, Maria Cristina Leal (Org.)-3° Ed. São paulo: Cortez, 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

O autor é Analista de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União (CGU-PR), Bacharel em Ciências Navais com Habilitação em Administração pela Escola Naval, Bacharel em Pedagogia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Mestrando em Educação da Universidade de Brasília (UnB) na Linha de Políticas Públicas e Gestão da Educação Básica.

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Como referenciar: "A Construção de um Paradigma Pedagógico na Prevenção da Corrupção a partir da Análise Simbólica desse Fenômeno na Recente Produção Cultural para o Público Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 25/10/2025 às 22:13. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/paradigmapedagogico/?pagina=4