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Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada (página 3)

BRINQUEDOTECA

Muitos estudos demonstram a importância do brincar para o desenvolvimento integral da criança, nos aspectos cognitivo, motor, social, psicológico e emocional. Cunha (1994, p. 11) falando das qualidades e benefícios do ato de brincar, explica que a criança deve brincar, pois o ato por si só é bom e dá felicidade, possibilita que o indivíduo fique mais propenso a ser bondoso, amável e a partilhar fraternalmente. O autor ainda expõe que ao brincar a criança se desenvolve e põe em prática todo seu potencial, e, vendo-se desafiada, a criança, por meio de sua motivação intrínseca, desenvolve seu pensamento de modo a melhorar seu desempenho, pelas suas ações.

Conforme Cunha (1994, p.11), na brincadeira a criança é espontânea e aprende fazendo, sem receios, medo de errar ou estresse, e por consequência adquire prazer em aprender, desenvolvendo-se socialmente, aprende a conviver com o outro respeitosamente e a seguir as regras do grupo. Também adquire o hábito de estar sempre ocupada com algo inteligente e criativo, preparando-se para o futuro dentro dos limites de que sua idade permite. Por fim, ao brincar a criança se fortalece internamente, descobre seus talentos e busca sentido para a vida.

Visto a diversidade de benefícios, para a criança acima citados, o pedagogo hospitalar tem a responsabilidade de utilizar o brincar, seja como recurso pedagógico, auxílio à terapia, e/ou auxílio para o desenvolvimento integral infantil. No entanto, sabemos que para este ato se faz necessário um local especial que possibilite esta ação pela criança, e, diante de nossas pesquisas, dentre os espaços encontrados dentro do hospital, para esta prática, citaremos a brinquedoteca.

Existem diversos tipos de brinquedotecas suas principais diferenças são em relação à função que exercem, mas em todas o aspecto lúdico é essencial e garante o direito da criança de brincar. Azevedo (2013) nos declara que os tipos mais comuns de brinquedoteca são as brinquedotecas de escolas, de bairro, de universidades, circulantes, de rodízios, temporais e hospitalares (p. 57-58). Em nosso estudo nos restringimos à pesquisa sobre a Brinquedoteca Hospitalar.

A Brinquedoteca Hospitalar é um dos espaços, no qual o pedagogo atua, dentro do hospital, destinado ao brincar livre, disponível às crianças, adolescentes e adultos. Tem como função possibilitar a criança o brincar sossegado, sem cobranças, favorecer o equilíbrio emocional do paciente, ampliar as potencialidades, desenvolver os aspectos cognitivo, social e promover acesso a um número maior de brinquedos, fortalecer os laços familiares entre a criança e a família entre outras mais.

A Brinquedoteca tornou-se obrigatória em todos os Hospitais com atendimento pediátrico a partir do ano de 2005, sob a regulamentação da Lei Federal Nº 11.104/05. Por sua característica lúdica, com jogos variados, uma diversidade de brinquedos e materiais que estimulam a criatividade, Oliveira (citado por Viegas 2008 p. 28), explica que a brinquedoteca rompe com a rotina da internação, em que as crianças são diagnosticadas, cuidadas e medicadas, por isso seu uso é fundamental para a criança/paciente hospitalizada, pois quando brincam se tornam ativas, mais fortes e como consequência se sentem bem. Na brincadeira simbólica, por exemplo, a criança pode tornar-se o enfermeiro, o médico, aquele que cuida ou alimenta, trocando papéis.

O lúdico favorece a sensação de prazer superior a sensação de sofrimento, reestruturando o indivíduo e auxiliando na superação do sofrimento da internação. Portanto, o educador dentro do hospital deve proporcionar o estímulo e a aprendizagem do desenvolvimento infantil de forma lúdica, interligando a criança com o mundo exterior ao hospital e fazendo com que compreenda a rotina do hospital brincando. Deve criar situações em que a criança/paciente participe espontaneamente, deixando-a a vontade para brincar em seu próprio tempo e ritmo, lembrando-se de que o envolvimento do adulto na brincadeira será de observador, brincando somente nos momentos em que for convidado até que a criança se satisfaça de sua presença na brincadeira e volte a brincar sem seu auxílio, esta postura ajuda a criança a tomar suas próprias decisões, se tornar autônoma e agir de maneira transformadora.

DOLTO (1999, citado por Viegas 2008, p. 40-41), lembra que a criança ao brincar, pode se divertir apenas observando, por isso, é natural que em alguns momentos a criança fique serena e pensativa, percebendo o mundo a sua volta apenas olhando, ouvindo e sentindo. Estes são momentos passivos inteligentes de reflexão e devem ser respeitados. Momentos em que a criança fica em silêncio com seus brinquedos, podem ser tranquilizadores e ajudá-la a entender a realidade a sua volta e organizar-se internamente.

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Como referenciar: "Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 17/05/2024 às 00:36. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedagogia_hospitalar_refletindo/index.php?pagina=2