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Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações (página 3)

Segundo Palangana (2011, p. 14),

Sua formação em biologia levou-o a pressupor que os processos de conhecimento poderiam depender dos mecanismos de equilíbrio orgânico. Não obstante, seus estudos epistemológicos demonstravam que tanto as ações externas como os processos de pensamento implicam uma organização lógica. Piaget busca conjugar essas duas variáveis - o lógico e o biológico - numa única teoria e, com isso, apresentar uma solução ao problema do conhecimento humano (PALANGANA, 2011, p. 14).

Refletindo sobre as possibilidades de investigação para explicar a estrutura do conhecimento, Piaget reconhece que não poderá usar de procedimentos metodológicos da Filosofia e nem da Biologia, pois, segundo ele, estas áreas apresentam limites. A primeira, por ser demasiadamente intuitiva e a segunda pela impossibilidade de experimentação. Neste caso, irá recorrer à psicologia para servir de base à sua proposta teórica.

Por meio da ciência psicológica era possível estabelecer-se as devidas conexões entre a filosofia e a biologia, conferindo um caráter científico às observações, já que a mesma propicia procedimentos experimentais (PALANGANA, 2001, p. 14).

Quando trabalhava com Binet e Simon, Piaget ocupava a função de aplicar o mesmo teste a um grande número de crianças. Nesta função, interessou-se mais pelas respostas erradas do que pelas corretas, pois percebeu que o mesmo tipo de erro era cometido por crianças da mesma idade. Neste caso, passou a considerar que sua investigação deveria centrar-se na qualidade da solução encontrada pelas crianças diante das questões apresentadas, o que implicaria em desviar a atenção das respostas corretas. Estas investigações levam Piaget a compreender que a lógica de funcionamento mental da criança é qualitativamente diferente do adulto.

A partir desta compreensão, percebe que é necessário investigar quais são os mecanismos que permitem o funcionamento desta lógica. Sua teorização sobre as estruturas cognitivas, como constituintes da dimensão lógico-formal, passa a ter como finalidade explicar a gênese do conhecimento, através do desenvolvimento cognitivo da criança.

Para dar continuidade às suas investigações, Piaget vai abandonar os testes de inteligência, utilizados e sugeridos por Binet e Simon, e, no lugar, passa a fazer uso do método clínico, o qual fundamenta-se no experimental e interrogação clínica, que naquela época eram usados por Freud e Jung. Ele acreditava que o método experimental lhe possibilitaria descobrir a gênese do conhecimento. Para Palangana (2001) a teoria de Piaget é baseada nas ciências positivas e sua elaboração foi viabilizada em 1955, ano em que foi inaugurado o Centro Internacional de Epistemologia Genética, fundada por Piaget com a colaboração da Fundação Rockfeller.

Nesta fundação desenvolvia-se estudos sobre vários assuntos, entre eles destacamos teoria da informação, a formação dos raciocínios recorrências, a epistemologia do tempo e do espaço, a aprendizagem das estruturas lógicas e a teoria das probabilidades. Todos esses estudos tinham em comum a disciplina de Epistemologia Genética, criada por Jean Piaget.

A epistemologia Genética é a confirmação que o conhecimento não é concebido como algo determinado, segundo a Teoria Piagetiana, o conhecimento é algo vazio, pronto para ser preenchido. Com a estruturação determinada, o conhecimento é adquirido, e perpasse o plano do formal, transferindo-se para o real, e assim estruturado o conhecimento pode ser objetivado, ou seja, a problematização, é a elaboração e realização dessa estruturação, baseada na teoria.

A epistemologia vem tratar por contribuir com a iniciativa de descoberta do conhecimento, em suas primeiras instalações e em suas formas mais elementares, ou seja, do seu inicio ate os níveis subsequentes. Piaget quando firmou sua teoria, precisou buscar além de seus estudos biológicos, contextualizar também na Psicologia, onde foram encontrados por ele subsídios teóricos que contribuíssem para a realização de sua tese. Em seus estudos a Gênese, busca confirmar que não existe conhecimento absoluto, e sim que cada conhecimento adquirido, é novidade e que precede de fases, que problematiza o feito dessas fases. Importantes contribuições foram feitas, a problematização abordada, dentre elas.

Se considera como predeterminante toda produção nova pelo simples fato de que ela era possível a vista de resultados obtidos, a questão passa a ser então de estabelecer se, em relação ao real e as suas mudanças incessantes, o possível é por natureza estável porque já totalmente equipado e de modo intemporal, ou se ele mesmo está sujeito a transformações, no sentido em que as atualizações de certos setores seus constituem uma abertura para "novos" possíveis. (...) toda inovação franqueia precisamente a via a novas possibilidades. Mas acontecerá o mesmo com a sucessão das estruturas operatórias, visto que cada uma delas aparece como necessária e dedutível (PIAGET, 1982, p. 58).

No período de 1925 a 1929, quando ainda era professor titular de Filosofia, mas lecionando também Psicologia e sociologia, na Universidade de Neuchâtel, dedicou-se a pesquisas sobre a lógica do pensamento infantil. Seu desempenho profissional é indiscutível, tanto no que se refere a quantidade quanto a qualidade.

Embora se encontre na literatura, referente Piaget, considerações sobre as possibilidades de classificação de sua obra, na medida em que alguns de seus trabalhos se destacam pela importância dada a estruturação do pensamento, à linguagem e à interação entre pessoas e outros referem-se ao modelo psicogenético, de tudo o importante é destacar que o projeto Piagetiano, segundo Palangana (2001, p. 16), "pretende fugir dos caminhos já trilhados pela Filosofia, pela Epistemologia e pela História das Ciências, buscando explicar a gênese do conhecimento segundo uma visão original, ou seja, através do estudo do desenvolvimento cognitivo da criança".

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Como referenciar: "Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 29/04/2024 às 12:20. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/piaget_e_o_desenvolvimento_cognitivo/index.php?pagina=2