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Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações (página 4)



2.1 ESTRUTURA DO CONHECIMENTO: CONCEITOS PIAGETIANOS


Delgado (2005) observa que Piaget não tinha intenção de propor uma teoria pedagógica, mas suas explicações sobre o processo de aquisição de conhecimento foram incorporadas pela educação servindo de suporte a prática pedagógica.

Nos estudos de Piaget com relação à aquisição do conhecimento destaca-se a analise da relação entre este e a aprendizagem. Esta relação é considerada como, essencialmente, epistemológica , o que levou Piaget a chamar sua teoria de Epistemologia Genética. A palavra genética, neste caso, refere-se a gênese, origem do conhecimento. Delgado (2005, p. 52), esclarece que a "epistemologia genética nos permite compreender como se originam as condições necessárias para que a criança chegue à fase adulta com conhecimentos que lhe possibilitem lidar com as situações do dia a dia".

Segundo Palangana (2001), o modelo teórico proposto por Piaget é o Interacionista. Neste modelo o conhecimento não emana nem do sujeito nem do objeto, mas é construído a partir da interação entre eles. Este processo de construção do conhecimento, segundo Piaget, ocorre pela ação do sujeito através do processo de Adaptação e Organização, o que leva a identificar a postura Piagetiana como Interacionista, mas com tendência a enfatizar a ação do sujeito.

Nesta perspectiva, torna-se importante ressaltar que Piaget tinha como proposta estudar o processo de desenvolvimento do pensamento e não a aprendizagem em si. Palangana (2001, p. 71), refletindo sobre esta questão, afirma que Piaget.

Observa a aprendizagem infantil não com o intuito de diferenciá-la do desenvolvimento, mas para obter uma resposta à questão fundamental (de ordem epistemológica) que se refere à natureza da inteligência, qual seja: como se constrói o conhecimento?

Na busca de responder esta questão, Piaget admite a relação entre sujeito e objeto do conhecimento. Estabelecendo uma relação entre dois polos, ou seja, a relação que possibilita o conhecimento baseia-se na relação entre o sujeito que busca conhecer e o objeto a ser conhecido.
O sujeito do conhecimento, na teoria Piagetiana, não se trata de um sujeito qualquer. Para ele, trata-se do sujeito epistêmico, o qual corresponderia ao
 
sujeito ideal, universal e atemporal, pois este representaria cada indivíduo e todos ao mesmo tempo. Com relação ao objeto do conhecimento este refere-se tanto aos aspectos físicos como sociais. Considerando esta relação entre sujeito e objeto é importante destacar que,

Nas sistematizações teóricas de Piaget, conhecer significa organizar, estruturar e explicar o real a partir das experiências vividas. Conhecer é modificar, transformar o objeto; é compreender o mecanismo de sua transformação e, consequentemente o caminho pelo qual o objeto é construído. O conhecimento é sempre produto da ação do sujeito sobre o objeto. Neste sentido, a operação é a essência do conhecimento: a ação interiorizada modifica o objeto do conhecimento, impondo-lhe uma ordenação no espaço e no tempo (PALANGANA, 2001, p. 72).

Portanto, a capacidade de conhecer está diretamente relacionada as trocas entre o organismo e o meio. Este não se limita a designar os objetos que nos rodeiam. Ele abrange a natureza, objetos construídos pelo homem, ideias, valores, relações humanas, historia e cultura. Para Piaget, essas trocas com o meio proporcionam a construção da capacidade de conhecer.

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Como referenciar: "Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 16/05/2024 às 10:04. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/piaget_e_o_desenvolvimento_cognitivo/index.php?pagina=3