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A Produção de Textos no Contexto Escolar (página 2)


3. O QUE É PRODUÇÃO DE TEXTO NA ESCOLA?

A produção de textos na escola, muitas vezes, é um tormento para muitos alunos e também para os professores. Um dos influenciadores da dificuldade dos alunos na criação de textos está relacionado com os temas propostos para os textos. Segundo Geraldi (2006), os alunos anualmente fazem redações com os mesmos temas e esses geralmente são baseados em datas comemorativas.

Essa repetição de propostas faz com que os alunos não gostem de produzir textos, por ser uma atividade exaustiva e repetitiva, além de escreverem textos com temas sem utilidade prática. Os textos produzidos na escola além de trazer dissabores para os alunos, também se tornam algo ruim para os professores, que se sentem frustrados ao avaliar textos mal redigidos e ver a falta de interesse dos alunos de melhorar nas produções textuais.

Geraldi (2006) mostra que as produções de texto na escola são feitas voltadas para o professor que é, geralmente, o único leitor do texto. Com isso, os estudantes se sentem desmotivados e não demonstram empenho na escrita de algo que será somente lido por uma pessoa que, no caso, é o professor. O emprego da língua, na escola, então, foge de sua utilidade real que deveria contar com a participação e interação de vários atores no processo comunicativo e isso torna o emprego da língua artificial.

É interessante que os alunos escrevam textos que possam ser compartilhados com outros alunos da escola e até mesmo para outras pessoas fora da escola. O professor precisa promover atividades com os textos redigidos pelos alunos para que, dessa forma, os estudantes se sintam motivados a produzir bons textos para que outros possam lê-los.

Outra questão importante na produção de textos é a leitura. Quanto mais se lê, maior é a bagagem de conhecimento argumentativo na elaboração de um bom texto. A leitura é um fator importante para se produzir bons textos e esse é um problema que acomete o sistema escolar brasileiro. Um ditado popular brasileiro afirma que o "brasileiro não gosta de ler". Não é que o brasileiro não goste de ler.  A raiz do problema é que muitos brasileiros não têm um bom hábito de leitura. Essa falta de interesse pela leitura é refletida na escola desde o início das séries iniciais até o fim do ensino fundamental. Os discentes geralmente leem por "obrigação" livros que o professor considera importantes para a sua formação. A maioria dos professores seja conscientemente ou não, por algum motivo ou outro delimita o que os alunos precisam ler e não permitindo sugestões. Com isso, os alunos não possuem acesso a alguns tipos e gêneros textuais e desconhecem outros que fazem diferença na sua formação de bons leitores e escritores.

4. COMO AVALIAR OU CORRIGIR OS TEXTOS PRODUZIDOS NA ESCOLA?

Antes de pensar em avaliação, é preciso pensar nas origens da dificuldade de produção de textos no contexto escolar. Geraldi (2006) diz que existem diversas opiniões com relação às causas da incapacidade de produções de bons textos pelos estudantes, e estas vão desde a falta de leitura que interfere na escrita, até a condenação dos estudantes que simplesmente não conseguem redigir bons textos. Apesar dessas diversas opiniões, Geraldi (2006) concorda que o resultado dos textos escritos mostram algo além da falta de leitura ou má aplicação de regras, conceitos e técnicas. Diante das várias opiniões e inadequações seja em relação à escrita formal ou em relação ás funções da língua nas produções de textos, o ponto em questão é identificar as origens dessas inadequações, o que elas revelam e o que é preciso fazer para saná-las.

O uso da redação da escola é uma forma de exercício da escrita, que prepara os alunos para o seu uso futuro. Mesmo que a escola promova as atividades de redação como preparação  para a vida, Geraldi (2006) se opõe a esse discurso, por dizer que é impossível conceber essa preparação para a vida, se a escola exige o uso inadequado de uma modalidade de escrita subjetiva, distanciada da realidade dos alunos.  As propostas de redações, geralmente dadas pelos professores, descaracterizam o aluno do papel do sujeito, fazendo com que ele devolva ao professor aquilo que ele deseja. As produções de texto na escola possuem caráter artificial que é um fator preponderante no resultado final dessas produções.

Nas avaliações das produções de texto, o professor deve deixar a função de examinador e apontador de erros, para agir como parceiro dos seus alunos, concordando, discordando, acrescentando, questionando, perguntando, etc. Em conformidade com isso, Geraldi (2006) diz:

Para mantermos uma coerência entre uma concepção de linguagem como interação e uma concepção de educação, esta nos conduz a uma mudança de atitude-enquanto professores-ante ao aluno. Dele precisamos nos tornar interlocutores para, respeitando-lhe a palavra, agirmos como reais parceiros: concordando, discordando, acrescentando, questionando, perguntando, etc. (GERALDI, 2006 p. 128).

Com isso, a avaliação atinge uma função qualitativa, de acompanhamento do processo de produção de textos, tornando o aluno participante na construção do seu conhecimento com segurança de suas habilidades de leitura e escrita.

É preciso levar em consideração variedades linguísticas dos alunos, pois essa variedade interfere na escrita deles. A escola não pode anular o aluno como sujeito, isto é, não pode desconsiderar totalmente as variações linguísticas que os alunos possuem, porém, é preciso mostrar os diferentes modos de falar de acordo com as mais diversas situações.  Segundo Geraldi (2006), é importante deixar que os alunos expressem seus pensamentos por meio da escrita e, após isso, o professor identificará as dificuldades de seus alunos e poderá intervir e desenvolver as habilidades de escritas necessárias para cada aluno.

Cada aluno é diferente, e possui necessidades diferentes. Ao avaliar as produções de textos e dificuldades dos alunos, o professor precisa analisá-los individualmente, para a promoção de intervenção efetiva nas suas dificuldades.

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Como referenciar: "A Produção de Textos no Contexto Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 29/04/2024 às 05:49. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/producao_textos_contexto/index.php?pagina=1