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Professor, não entendi sua aula. Posso pesquisá-la na Internet? (página 3)

É simples explicar por que a formação da leitura incutiu categorias como a tortura e negação do prazer. Como o avesso do tolo é o crítico, criou-se o teorema imperfeito de quem lê sabe das coisas (...). Com base nesse raciocínio torto, ler tem que servir para alguma coisa, o que exclui da conversa umas tantas obras da literatura universal, cujo maior mérito é justamente não servir para nada (...). Mesmo assim, a relação íntima entre leitura e ócio, leitura e desejo e leitura e prazer permanece como um problema clássico, cuja raiz longínqua parece ser o próprio pecado original?. (FERNANDES, 2010, p. 34-35)

O acesso e o uso constante da internet trouxe a rotina dos textos curtos, leitura de monitor, informações rápidas e está deixando rarefeito o poder de concentração de muitas pessoas. Não sou tão reacionário como o escritor Sérgio Rodrigues (2013), pois ele diz que "a atenção concentrada é o capital que cada vez mais dividirá os seres humanos entre senhores e escravos digitais", mas vemos que os professores precisam se reinventar para oferecer o direcionamento do conhecimento e para fazer os alunos não ficarem satisfeitos com o simples dinamismo das informações curtas e rápidas. Usar jornais em sala e fazer os alunos interagirem com o saber são excelentes formas de recriar a aula. Leitor, cansei de escrever. Vou ler alguns e-mails e ver se alguém curtiu minha foto nova no Facebook. Tchau.

Você ainda está aí? Vá embora, pois eu já cansei. Passaram-se várias páginas e o assunto é o mesmo, onde já se viu? A cada parágrafo que escrevo tenho vontade de diversificar, escrever sobre a rotação da Lua, imaginar um poema, divulgar um pensamento de Albert Einstein que me faça parecer inteligente, flertar com alguém no chat, ver vídeos no YouTube, mas vídeos bem curtos, de apenas uns 3 minutos no máximo, com bastante imagem e pouco texto. Então, afirmo, não sei de onde estou tirando forças para continuar escrevendo este texto, mas vamos lá. Pior que eu é você, leitor, que tem tantas coisas para fazer e continua lendo isso aqui.


Uma boa aula é aquela em que o conhecimento interage com o aluno, com o que ele sabe, então as dinâmicas precisam estar no planejamento do professor. Qualquer dinâmica serve? Claro que não. Ela exige improvisação constante. Muitos professores tentam ensinar sem olhar para quem irá aprender, e isso é uma retrógrada Pedagogia Tecnicista.

trata-se, agora, de levar a campo a estratégia do entendimento, aquela baseada no presumido jogo dialógico que permitiria às partes exporem seus pontos de vista e a partir daí construir os consensos?. (CITELLI, 2000, p. 98)

O professor interage, dança de acordo com o conhecimento e, uma vez que o ato de ler comece a ficar gostoso, trabalhar com jornais em sala de aula se tornará uma rotina de sentir prazer com o aprendizado. Qual a dificuldade que os professores têm em improvisar dinâmicas e trabalhar com jornais? Esta é uma pergunta brava e vem muitas coisas à minha mente, já que existe uma pluralidade infinita de situações. Elas envolvem, desde a individualidade e a conscientização de cada educador, até a condição geográfica e a cultura escolar. Se eu for generalizar e tentar achar um denominador comum, digo que o professor limita o conteúdo curricular ao mínimo necessário para o aluno. Pelo prazer do conforto individual ou por descontrole estrutural do meio de atuação, não importa, a questão é que a utilização de jornais em aula exige a quebra de paradigmas.
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Como referenciar: "Professor, não entendi sua aula. Posso pesquisá-la na Internet?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 02/05/2024 às 00:55. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/professor_nao_entendi/index.php?pagina=2