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Professor, não entendi sua aula. Posso pesquisá-la na Internet? (página 4)

O jornal apresenta conteúdos variados que independem do "mínimo necessário"; ele abrange uma pluralidade de informações que afronta o professor despreparado; o jornal ainda é preconceituado pela tradicional cultura escolar do "aula divertida não é aula importante", já que ele não segue a fórmula exata da grade curricular.

Além disso, se por um lado existem as dinâmicas, que trazem vivacidade às aulas, por outro, existem sistemas escolares que não estão prontas para elas. São escolas que têm um viés disciplinador, onde o aluno é apenas um receptor homogêneo do conhecimento. Então a culpa é só do sistema escolar tecnicista? Claro que não. Hoje em dia há escolas onde os alunos têm mais voz ativa e também há muitos professores alegres que não sabem proporcionar uma boa interação com o conhecimento. Sinceramente, não sei quem é o pior. O mal opressor ou o alegre bobão.

De uma forma tão resumida que parece uma sinopse mal escrita, o professor precisa saber qual o conhecimento que já existe no aluno, pois somente assim ele saberá interagir e levar o gosto pelo saber. As aulas devem estar adequadas a uma Pedagogia Histórico-Crítica:

se trata de um movimento dialético, isto é, a ação escolar permite que se acrescentem novas determinações que enriquecem as anteriores e estas, portanto, de forma alguma são excluídas. Assim, o acesso à cultura erudita possibilita a apropriação de novas formas por meio das quais se podem expressar os próprios conteúdos do saber popular.
(SAVIANI, 2007, p. 21)

Então temos três elementos que precisam se interligar. 1) Os alunos têm acesso a quase todas as informações do mundo. 2) O professor tem que oferecer interação com o conhecimento proposto. 3) Jornais em sala de aula é uma dinâmica fascinante, pois pode estimular o prazer da leitura, essencial busca nos dias de hoje.

Logicamente, ainda estamos restritos à mecanização de conteúdos, criando humanos "afunilados" com o único objetivo de passarem no vestibular, mas é questão de tempo que os jornais em sala de aula sejam trabalhados e respeitados como uma importante fonte de conhecimento e de autoconhecimento.

É claro que essa cisão entre subjetividade e objetividade nada mais é que o reflexo da divisão social do trabalho, da separação entre o fazer e o pensar, da prática e da teoria. E, nesses casos, assiste-se a uma supervalorização da teoria, porque, sendo aquela que sabe, tem o direito de comandar a prática. A esta, como ignorante, nada mais resta do que obedecer à teoria. E dada a falsidade da relação de dominação entre teoria x prática, não poderíamos esperar que a escola, instituição legitimadora e produtora desse tipo de dominação, pudesse ter encarado a transmissão do conhecimento de uma forma diversa daquelas que impedem a autonomia intelectual e a produção de um conhecimento verdadeiro e, por isso, libertador. (GIUSTA, 1985, p. 28)

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Como referenciar: "Professor, não entendi sua aula. Posso pesquisá-la na Internet?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 16/05/2024 às 22:58. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/professor_nao_entendi/index.php?pagina=3