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TDAH e Controle Inibitório: Relevância de um Programa Neuropsicopedagógico de Estimulação das Funções Executivas em Sala de Aula (página 5)


6. FUNÇÕES EXECUTIVAS EM SALA DE AULA


Os estudos sobre o desenvolvimento do Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH) e os problemas de comportamento, assim como as pesquisas sobre deficiências de aprendizado indicaram que as funções executivas podem ser um aspecto central desses distúrbios.

Considerando que a evidência indica que as funções executivas são importantes para a prontidão para o trabalho escolar e que elas representam um aspecto central de autorregulação na criança, existem questões fundamentais relacionadas à identificação das influências relevantes no desenvolvimento das funções executivas e em sua maleabilidade.

São de interesse particular as questões relacionadas às maneiras como a falta de recursos e oportunidades afeta o desenvolvimento das funções executivas e a ideia de que os efeitos da falta de oportunidades poderiam explicar parcialmente as disparidades no desempenho escolar nos primeiros anos e na prontidão para o trabalho escolar.

Os resultados de alguns estudos recentes proporcionam perspectivas valiosas sobre o desenvolvimento das funções executivas na primeira infância. A demonstração das relações entre as experiências nos primeiros anos de vida e as funções executivas e entre as funções executivas e os resultados sócio-emocionais e escolares deu origem a estudos de intervenção analisando as funções executivas como um alvo potencial dos esforços para promover a competência sócio-emocional e escolar em crianças com um risco elevado de insucesso escolar.  
         
As constatações desses estudos sugerem ou indicam que as mudanças relacionadas ao programa em funções executivas servem até certo ponto de mediadores para os efeitos do programa em resultados escolares e comportamentais.

As evidências que associam as habilidades das funções executivas à prontidão para o trabalho escolar e ao desempenho escolar nos primeiros anos de vida sugerem a possibilidade de desenvolver novas abordagens curriculares ou de modificar as abordagens existentes nos programas da primeira infância e dos primeiros graus do ensino fundamental para se concentrar mais explicitamente nas habilidades das funções executivas.

Sabemos que as FE dependem do córtex pré-frontal e são compostas de três competências essenciais:

Controle inibitório (autocontrole): a criança precisa ter controle de inibição e a capacidade de resistir a uma forte inclinação para fazer uma coisa e fazer o que é mais adequado ou necessário. Para exercer este controle a criança deve ser capaz de: prestar atenção: permanecer na tarefa apesar de distração e inibir o agir impulsivamente. A palavra-chave aqui é disciplina. As evidencias mostram que ter disciplina é melhorar o rendimento e nosso conhecimento acadêmico e profissional, para que a disciplina seja treinada.

Memória de Trabalho: é a capacidade de manter as informações na memória enquanto mentalmente trabalha esta informação. A memória de trabalho é fundamental para dar sentido a algo que se desenrola ao longo do tempo, para algo que exige ter em mente o que aconteceu anteriormente em relação ao que está acontecendo agora.

Flexibilidade Cognitiva: é ser capaz de mudar rapidamente e facilmente perspectivas ou o foco de atenção. É ter flexibilidade de ajuste ás exigências de alterações do ambiente, ou prioridades. É ser capaz de "pensar fora da caixa". A flexibilidade cognitiva é fundamental para a resolução criativa de problemas. Quais são as maneiras para reagir quando algo acontece? Quais são as maneiras que eu possa conceituar um problema?  Quais são as maneiras que eu possa tentar superar um problema?

As funções executivas também são importantes para o sucesso escolar. A memória de trabalho e o controle inibitório, cada um independentemente, preveem a competência em matemática e leitura ao longo dos anos escolares. Desenvolvê-las em sala de aula é fundamental e algumas estratégias serão aqui pontuada. Como alcançar esse entendimento em sala de aula e melhorar o rendimento da criança com TDAH/I?

A curiosidade, assim como a novidade, nos mantém atentos, focados e excitados com "o que está por acontecer". A motivação vinda de experiências anteriores positivas, ou seja, de sucesso consegue superar a baixa expectativa de recompensas. Quando há a expectativa de sucesso e prazer a criança fica atenta, se esforça e a dopamina, neurotransmissor responsável por esse processo entra em ação e atenta, memoriza com mais facilidade. Ao reduzirmos os fatores estressantes, a criança com TDAH/I se sente confortável e ao estimulá-la com palavras de sucesso e que está progredindo no aprendizado, a leva a se esforçar cada vez mais (recompensa). Entendemos que o aprendizado será mais intenso, mais sólido e facilmente evocado quando nossos alunos são capazes de entender o que estão aprendendo e fizer ligações a outras aprendizagens e fazer uso desse conhecimento também em outras situações e resolução de problemas.

Evitar surpresas ameaçadoras (provas e atividades avaliativas surpresas), que geram medo (o estresse surge). Uma aula com situações previsíveis, sem o estresse de provas surpresas, gera um ambiente confortável para a aprendizagem.

Organização da sala e de seus materiais é o primeiro passo para ensinar a criança a sua própria organização: priorize também tempo e tarefas, evitando a procrastinação. Crianças Com TDAH/I são desorganizadas, e deixam para depois tudo que possam ter que fazer, pela necessidade de prazer imediato.

Planejamento e desenvolvimento de estratégias é outra habilidade cognitiva que precisa ser desenvolvida: ensinar a planejar e a ter  tomada de decisões e resolução de problemas diminui as dificuldades que a falta de planejamento e de estratégias impõe à aprendizagem. No TDAH/I, essas duas habilidades estão desativadas. Parar para pensar e planejar os retira das atividades prazerosas e com recompensas imediatas.

Controle inibitório é fundamental para que se possa ter a demanda da aprendizagem; refletir antes de agir, controlando as emoções e pensando e repensando frente a situações de conflito. Ser flexível é ter bom relacionamento social e familiar e ter mais condições de elaborar estratégias, ou seja, mudar o foco e alternar (FE). Crianças Impulsivas não tem controle inibitório desenvolvido e agem sem pensar e assim são inflexíveis. Não conseguem para e escutar o que estamos a dizer. A aprendizagem fica comprometida por não consegue ter atenção seletiva, memória de trabalho atuante e planejar uma resposta apropriada ao que o meio demanda como resposta.

Como vimos, inúmeras estratégias podem ser elaboradas e desenvolvidas em sala de aula, através de jogos e brincadeiras que vão desenvolver habilidades cognitivas das funções executivas.

De posse de conhecimento, o neuropsicopedagogo estará facilitando o desenvolvimento do controle inibitório e auxiliando no manejo da criança com TDAH/I em sala de aula.
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Como referenciar: "TDAH e Controle Inibitório: Relevância de um Programa Neuropsicopedagógico de Estimulação das Funções Executivas em Sala de Aula" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 12/10/2025 às 20:27. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/tdah_e_controle_inibitorio/?pagina=4