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Um Novo Olhar para a Educação Infantil (página 4)

Para ser um bom educador hoje também é importante que o mesmo esteja engajado em tudo o que acontece na escola. Ele não pode achar que apenas tem o papel de ensinar a ler e escrever de forma mecanizada. Participar dos projetos, das regras de disciplinas com os alunos perante a direção para o bom andamento do estabelecimento de ensino, enfim, ser conhecedor do conjunto das atividades que a escola oferece. Para tanto, as estratégias de formação do professor em serviço está relacionada a mudança na organização do trabalho no interior da escola. Ele deve acreditar que faz parte desse universo, onde seu objetivo é propiciar o bem estar do aluno na escola.

Na educação infantil, tudo é mais delicado, mais fantástico, mais interessante. A formação da identidade da criança está em construção e, cabe ao educador ajudar nessa formação. A partir daí entra em ação a prática pedagógica enquanto função social e política. Nesse caso, o aluno é visto como um ser concreto, que necessita de cuidados para futuramente exercer sua cidadania. Mas muitas questões atrapalham essa função do professor. Na maioria das escolas ele tem que cumprir o currículo, muitas vezes com exigências que não condizem com a realidade de seu alunado. Resta apenas tentar separar atribuições fragmentadas e o seu compromisso em sala de aula. Portanto, é preciso refletir que

Há muito o que pensar em relação aos limites que o professor encontra em sua própria prática. Vivendo o cotidiano, ele se depara com situações em que precisa fazer escolhas, tomar decisões, enfim, se arriscar. Tais atitudes são muito importantes no seu processo de se fazer educador. Rosa & Lopes (apud Ostetto, 2012, p. 60).

Atualmente, existem diversos cursos direcionados a educação infantil. Uns que mostram teorias e outros que trabalham a didática em sala de aula. Logo, isso é muito importante para o educador. Ele tem a chance de compartilhar experiências vividas e aprender mais sobre sua área de atuação. Porém, não é realizada uma pesquisa de campo para validar muitas informações passadas para eles, e, de contrapartida, eles reclamam da realidade que vivenciam. O educador que atua na área de educação infantil precisa refletir criticamente sobre seu próprio papel. Para que ele atua, porque está realizando tal atividade e, compreender sua importância na vida do educando. A responsabilidade desse profissional está apontando para a presença de um profissional que saiba o momento exato de exercer o perfil mais adequado em sala de aula. Nesse sentido, a responsabilidade de um professor de educação infantil é mais importante do que se imagina. KRAMER (2001, p. 88) diz que "é preciso sobretudo, considerar os professores como produtores de conhecimento que são, como leitores reais, e em função desse pressuposto, ajudá-los..." Ele tem que procurar mudança, e essa mudança exige leitura e trabalho manual.

Em seu discurso, Freire (2014) atenta para a questão  da autonomia do professor em sala de aula, muitas vezes, o próprio educador desrespeita a curiosidade  do educando, ironizando sua opinião, propondo limites a liberdade de expressão do mesmo. Em educação infantil é muito comum esse tipo de prática adotado por profissionais que atuam nessa área porque acham que os conteúdos são mais fáceis de lecionar ou porque estão bem perto de se aposentarem. Para atuar nessa área o profissional tem que gostar e querer mudar sua maneira de pensar sobre educação. Não pode achar que é o dono do saber e que seu conhecimento é o que basta para se trabalhar com crianças nessa faixa etária.

Além de querer um bom salário, o professor deve querer mudança em suas estratégias de ensino. Entretanto, o mesmo precisa de apoio perante seu órgão de funcionamento, supervisão, secretaria de educação, etc. É muito importante a participação de todos nesse processo de mudança. As universidades com seus projetos, as políticas de acesso a escrita (jornais, livros, revistas), e o mais importante de tudo: ele acredite que esse trabalho é possível. A formação em serviço é bastante valiosa se o professor souber valorizar e perpetuar essa construção de conhecimentos que pode ser aplicada na prática como opção de mudança de estratégia em sala de aula. Nesse mesmo pensamento, KRAMER (2001, p. 92), afirma que "considera que um processo de formação em serviço, sistemático, substancial e construído coletivamente, é capaz de - entre outros fatores - gerar a melhoria da qualidade de ensino." Deve-se valorizar o diferente para aprender a conviver com as mudanças no processo de ensino atual.

"Pela primeira vez na história, fazemos parte de uma era que une o real e o virtual. Um fato com qual ainda não sabemos lidar e que vem tomando proporções cada vez maiores." CHALITA (2003, p. 64). Então, ainda temos mais um privilégio do que nossos profissionais de antigamente, temos recursos digitais pelos quais nos auxiliam na administração de uma aula prática que não será cansativa para os pequenos. Faz-se necessário, procurar compreender as atividades das crianças, para pouco a pouco, captar seus interesses. Ao optar pelo uso de recursos tecnológicos, o professor precisa observar e refletir para dar continuidade às ações educativas que irão contribuir para o progresso da aprendizagem do aluno com aquele tipo de material.

Além de ocultar-se de sua grande importância na vida do discente, o professor, principalmente de educação infantil, não reflete teoricamente sobre a s possibilidades das crianças em termos de estágios de desenvolvimento. Nessa faixa etária a criança precisa aprender brincando, os jogos lúdicos são bastante importantes no desenvolvimento da aprendizagem da criança. Segundo ASSIS

Ora, se insistimos em ensinar as formas geométricas às crianças de quatro anos, por exemplo, sem que elas explorem com seu corpo o espaço à sua volta e os objetos que aí estão antes de "decorar" o que é um quadrado, um círculo, um triângulo, estaremos forçando uma situação artificial em que nem as características do seu desenvolvimento nem o mundo natural e social que circundam estão sendo considerados (1998, p. 58).

Todavia, é claro a incompreensão desses profissionais com essas crianças sobre as necessidades delas em diferentes momentos de sua vida. Algo concreto irá se tornar mais interessante porque nessa fase, a criança não se interessa por objetos ou assuntos que não fazem parte de sua vivência no cotidiano.

O professor de educação infantil tem que estar claro sobre "a importância de criar/garantir canais de socialização das práticas vivenciadas nos processos formativos do educador da educação infantil" (Ostetto, 2012, p. 08). Dessa forma, ele precisa estar ciente de seu compromisso pela educação, sabendo que refletir, criticar, analisar e avaliar sua relação com as crianças faz parte de práticas formativas importantes para o sucesso de seu trabalho. Para que esse trabalho aconteça, o educador tem que adotar a prática do registro de suas atividades com as crianças diariamente para poder compreender o que está dando certo e o que não está funcionando em seu trabalho.

Registrar não no sentido de elaborar um documento para prestar contas de seu trabalho a coordenação da escola. Mas, no propósito de  rever sua prática e a situação em que cada aluno se encontra. Nesse sentido, ficará mais fácil para o educador, projetar o futuro de acordo com as reais necessidades do aluno. Na educação infantil, a prática desse registro facilita o trabalho do professor porque, segundo Ostetto (2012), "ao escrever e refletir sobre o escrito que, por sua vez, reflete a prática, o professor pode fazer teoria, tecer pensamento-vida".  É possível articular prática e teoria se o mesmo registrar e analisar cada situação vivida em sala de aula. Para colocar isso em prática é um desafio ousado, mas bastante proveitoso para o professor, pois o registro passa a ser um grande aliado para clarear a visão e com mais entusiasmo as crianças que estão a sua frente.

Sobretudo, esse registro é tipo um diário para o professor. Toda vez que ele sentir a necessidade de conhecer e compreender as potencialidades de seu aluno, ele se refugiará nele. É como se o educador construísse suas próprias provas a respeito de seu próprio trabalho. Porém se quiser e se sentir seguro em compartilhar com sua equipe de trabalho a experiência vivida por ele, será muito importante. Esse registro também poderá servir como sua base para relatórios individuais dos alunos.
   
Diante de tantos desafios e dificuldades que o professor enfrenta todos os dias, a questão de educar para obter resultados  satisfatórios torna-se cada vez mais difícil. É comum escutar educadores desacreditados sobre a educação. Nessa profissão, escutamos relatos negativos e desanimadores de professores sobre o futuro de nossas crianças. Reclamam do baixo salário, da indisciplina dos alunos, das teorias que nunca funcionam na prática etc. Nessas mesmas queixas, escutamos muito a frase: no final de todo o processo escolar, quando a coisa não funciona, a culpa é sempre só nossa!

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Como referenciar: "Um Novo Olhar para a Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/05/2024 às 06:55. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/um_novo_olhar/index.php?pagina=3