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Estágio em EJA: Algumas Reflexões (página 4)

De fato a EJA na escola Municipal Manoel Januário Carvalho tem um papel de reprodução, mas nela também ocorre a produção e troca de saberes, a partir daí percebemos que seria necessário investigar um pouco sobre as pessoas, suas visões de mundo e suas expectativas. Elaboramos uma mesa de conversa, com os docentes e discentes, breve e aberta para quem se dispusesse a responder, longe de qualquer tipo de obrigação, pois muitos demonstravam estar envergonhados ao falar. Iniciamos com perguntas sobre a rotina de cada um, suas dificuldades, seus pensamentos sobre o mundo em que vivem, sobre os conteúdos que são estudados em sala e por fim sobre o que pensam diante da educação de jovens e adultos.

Alunos e professoras são sujeitos simples, trabalham, estudam, têm suas famílias, suas responsabilidades. Modos de viver semelhantes, mas ao mesmo tempo tão diferenciados, cada um tem sua própria cultura, mas também reconhecem serem sujeitos inacabados, que estão dispostos a mudar de acordo com o tempo assim como qualquer ser humano. Do mundo há pensamentos variados, alguns demonstram criticidade diante da sociedade, dizem que de certa forma são excluídos do resto do mundo, "afinal quem liga pra esse fim de mundo", diz a aluna Rosana.

"o mundo não é pra pobre, e agente não pode fazer nada, apenas cuidar da própria vida, enquanto a gente ainda pode. você vê agente trabalha tanto e nada muda de verdade, o salário aumenta, e os preços também, mas fazer o que, é melhor viver o que dá e pronto" (aluna Fátima).

Quanto ao currículo muitos alunos disseram que é perca de tempo, tanto faz existir como não, os professores disseram que não é bem assim, ele é muito importante no processo de ensino/aprendizagem, a aluna Maria de imediato retruca, "que nada, um monte de besteira que não serve pra nada". A professora Quitéria esclarece: "eu acho que ainda está muito caótico e dificultoso, mas acredito que se tivesse um planejamento bem mais pensado, talvez se pudesse melhorar um pouco esse modelo para que a turma de EJA fosse realmente uma realidade de EJA".

"É planejar mais e melhor é bom, mas muitas vezes não estamos tão dispostos para ensinar, passamos o dia todo trabalhando, sem mencionar que a nossa remuneração não é das melhores, não há estimulo, nem motivação; nós professores sofremos com a falta de valorização de nosso trabalho, a sociedade não nos dá valor, nem muito menos o governo" (professora Betânia).

Ainda falando de currículo a educadora Maria Aparecida revela que:

"não é fácil relacionar o conhecimento curricular e o do cotidiano, pois fomos formadas de acordo o modelo tradicionalista, em que somente o professor é fonte de saber e o mesmo deve apenas transmitir o que lhe foi ensinado, ou melhor, repassado. Hoje inserir novas práticas requer tempo e muito estudo, algo que é um pouco complicado, sendo que trabalhamos o dia todo, e, além disso, o conteúdo pragmático do currículo escolar é cobrado de nós sempre".

Percebe-se que as falas tanto de educadores e educandos, se relacionam e concordam-se entre si, entre as respostas há visões da realidade bastante semelhantes, o que muda na verdade é apenas o modo de falar, mas a essências de suas falas é a mesma.

3. Caracterização Da Escola

3.1  Histórico

A Escola Municipal Manoel Januário Carvalho foi construída na Rua Silvino de Carvalho, sendo a proprietária do terreno Maria Carolina.

Fundada pelo saudoso ex-administrador Odilon José da Silva em 1972, possuindo apenas uma sala de aula. A escola recebeu o nome de Manoel Januário de Carvalho em homenagem ao primeiro proprietário do terreno e pai de Maria Carolina Januário de Carvalho e Antonia Rosa Januário de Carvalho, ambas as herdeiras do terreno onde foi construída a escola.

Em outras administrações forma construídas mais duas salas de aula, uma diretoria e dois sanitários. Tendo como primeiros professores: Maria Emilia de Carvalho, Adélia Nogueira, Creuza dos Santos Lisboa, Gedalva Anjos de Carvalho, Maria Aleide Aleixo Andrade, Maria Helena Santos, Maria Madalena Neta, Maria Helena de Carvalho e Marina Silva.

Em 1979, funcionava-se o departamento de educação, sendo a primeira supervisora Angelita da Silva e Diretor geral Onofre Costa da Silva.

3.2  Aspectos Gerais Da Escola 

Localizada na Rua Silvino de Carvalho, Nº97, centro de Palestina ? AL, a escola possui um terreno de 310,93 m² e fácil localização. Fazendo parte de uma região erguida pelo empreendedorismo do fundador da cidade José Ferreira de Melo, com uma economia baseada na maior parte da rentabilidade familiar vem do serviço público.

Atualmente é uma escola de ensino fundamental com população estudantil total de cento e oitenta e nove alunos no ano letivo de 2010. Funcionando no período matutino o 2º, 3º ano e uma sala do Programa Se Liga do Governo Federal, no vespertino o 1º, 4º e 5º ano e no noturno há duas salas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) 7º e 8° ano e mais duas do Programa Brasil Alfabetizado, ambos a escola cedeu o espaço. A escola tem no total vinte funcionários, entre estes onze professoras, uma diretora, cinco auxiliares de serviço geral, dois auxiliares administrativos e um vigilante de segurança.

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Como referenciar: "Estágio em EJA: Algumas Reflexões" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 26/04/2024 às 05:57. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ejaestagio/index.php?pagina=3