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Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuições do Professor Facilitador sob o Enfoque Rogeriano (página 4)

4.4. Princípios de aprendizagem

Rogers é absolutamente contra o ensino nas escolas, no sentido de que só se ensina o que um dia foi aprendido. Aprofundando mais, Rogers aponta que só há aprendizagem quando o objeto de conhecimento tem um real significado para quem aprende. Por esta razão o docente não deve ensinar o que sabe, pois os alunos não se apropriarão destes saberes por não confiarem o mesmo valor e significado ao objeto de estudo, de modo que será facilmente esquecido pelo educando por não ter nenhum vinculo com seus anseios. Sendo assim, Rogers baseia toda sua teoria no sentido da Aprendizagem Centrada na Pessoa, no ato de facilitar a aprendizagem dos educandos.

O educando só aprenderá a partir do momento em que perceber que o objeto de conhecimento é essencial a sua vida pessoal, que trará algo de relevante para si e servirá como ferramenta para resolver seus problemas reais, por isso não adianta transmitir conhecimentos e sim conhecer o educando, facilitando seu aprendizado constante. Neste sentido, Milhollan e Forisha declara que:

O único homem educado é o homem que aprendeu a aprender; o homem que aprendeu a adaptar-se e mudar, que percebe que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de buscar conhecimento dá alguma base para segurança (Milhollan; Forisha, 1972, p.176).

4.5. Estratégias facilitadoras que colaboram no processo de ensino e aprendizagem (Rogers, 1977).

Ao se estabelecer a prática educativa, Rogers acredita que se faz necessário dividir as responsabilidades com os educandos. Uma vez que o educando é o maior interessado no desenvolvimento de sua aprendizagem ele tem total liberdade para escolher os conteúdos que serão desenvolvidos para o aprendizado, conforme as necessidades e interesses individuais e do grupo. Da mesma forma poderá escolher como o conteúdo deve ser trabalhado, decidindo ações necessárias para alcançar seus objetivos. Por isso, na perspectiva de Rogers o aluno é corresponsável pelo currículo e partilha de um contrato estabelecido por todo o grupo e professor (Rogers e Rosemberg, 1977).

Os recursos necessários para o desenvolvimento e ampliação do conhecimento dos educandos deverão ser disponibilizados pelo professor. Este, porém, não os utilizará para ensinar, mas sim dará toda autonomia para que os alunos os utilizem livremente.  O autor também nos faz referência sobre a importância de desenvolver os próprios alunos, permitindo que os mais experientes possam orientar os que estão iniciando neste novo tipo de aprendizagem.

Cabe aos alunos elaborarem um programa de estudos e o seguirem, e a partir desta decisão trabalhar autonomamente a fim de cumpri-lo. Por meio deste plano de estudos e ações, o discente se tornará responsável pelo seu processo de aprendizagem, assumindo as consequências de sua escolha, passando a ter autodisciplina nos estudos.

Quando a aprendizagem é significativa cria raízes e faz com que este aprendizado permaneça durante a vida do aluno promovendo mudanças de comportamento. Rogers afirma que o foco da aprendizagem não esta no conteúdo, mas em favorecer um processo contínuo de aprendizagem. Por isso, não importa ter o conhecimento como resultado, mas "o progresso significante na aprendizagem de como aprender aquilo que se quer saber" (Rogers, 1977, p. 138).

A estratégia de divisão em grupos se faz necessária, por causa da diversificação de nossa sociedade, sendo possível encontrarmos pessoas que não se adaptem bem ao ritmo da aprendizagem ativa diante da liberdade e consequentemente responsabilidades. Assim, faz-se necessário oportunizar aos mais passivos a instrução de conteúdos, por meio de aulas expositivas, quando estes preferirem.

Utilizando a organização em grupos, os alunos terão mais liberdade, porém com responsabilidades. O papel docente será o de facilitar todo o processo de aprendizagem retirando os obstáculos que os impedem em seu crescimento pessoal. Podem-se dividir os alunos em agrupamentos vinculados as preferências ou temas específicos escolhidos pelos estudantes, sendo que cada grupo deverá ter um facilitador de aprendizagem, um representante semanal e um relator que informará o facilitador de todo o andamento do trabalho, sempre que solicitado.

A orientação de pesquisa permite que os alunos tenham contato com o mundo científico, descobrindo-se e tendo experiências que valerão por toda a vida. Dessa forma, a proposta é que haja um ambiente favorável ao educando oportunizando o levantamento de hipóteses e a investigação autônoma de forma a confirmar ou não as hipóteses levantadas.

Para Rogers, é necessário trabalhar com simulações de acontecimentos da vida cotidiana. Esta forma de aprendizado permite que os estudantes busquem informações sobre o assunto, e sejam responsáveis por suas atitudes e experimentando poder de negociação, como na vida real, sofrendo consequências das ações realizadas, e de certa forma, estarão se preparando para a vida adulta.  
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Como referenciar: "Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuições do Professor Facilitador sob o Enfoque Rogeriano" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 14/05/2024 às 06:10. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/aprendizagem_centrada_na_pessoa/index.php?pagina=3