Você está em Artigos

Era uma vez a questão racial: os livros de Literatura no processo de construção de identidades (página 5)


1.4 Joãozinho e Maria (Adaptação de Cristina Agostinho e Ronaldo S. Coelho-2013)


Há muito tempo, lá na serra da Mantiqueira vivia um pobre homem que havia ficado viúvo e resolveu casar-se para que alguém pudesse ajuda-lo a cuidar das crianças. Casou-se com uma mulher que não gostava de Joãozinho e nem de Maria. Certo dia a madrasta resolveu se livrar das crianças e ordenou que fossem colher goiabas, Joãozinho muito esperto marcou o caminho com pedrinhas brancas para que não se perdessem. Ao retornarem para a casa, Joãozinho e Maria foram seguindo as pedrinhas e logo acharam o caminho de volta.

No dia seguinte a madrasta muito irritada porque eles haviam voltado, mandou eles para mais longe colher jabuticabas. Joãozinho mais uma vez marcou o caminho, mas agora com milho o que Joãozinho não contava é com a fome dos pássaros que acabaram por comer todo milho. Joãozinho e Maria ficaram perdidos e tiveram que dormir junto dos tucanos, maritacas, periquitos e muitos outros animais que se encontravam naquela floresta.

Ao acordar andaram mais um pouco até que avistaram uma casa feita de doces, onde morava uma bruxa que também estava faminta. A bruxa não perdeu tempo, prendeu Joãozinho e Maria. Maria muito esperta aproveitou que tinha acendido a fogueira e em um momento distração da bruxa empurrou-a para dentro do forno, onde fez sumir o feitiço que a bruxa havia feito e a casa de doces desapareceu. Ao serem libertados Joãozinho e Maria encontraram o pai, que contou que havia se separado da madrasta, deixando os filhos bem contentes.

Joãozinho e Maria é uma adaptação do conto de fadas com perspectiva étnica. Essa história traz de forma enriquecedora a cultura africana que faz parte da nossa brasilidade. A capa traz uma figuração bastante real de duas crianças negras com características vivas de cor de pele, cor de cabelo. A aproximação da imaginação com a realidade traz para as crianças negras, nos contos de fada clássicos, possibilidade das crianças sonharem com histórias que elas possam se reconhecer.

Embora seja uma história triste de abandono pelo pai, e de maus tratos por parte da madrasta, a história não mudou em comparação ao conto tradicional de João e Maria, as crianças passam pela mesma situação que as crianças brancas no conto europeu. Isso mostra que nessa concepção o negro não tem que sofrer mais por ser negro, é oportuno que a autora mude outros aspectos, como forma de trazer para as crianças alusões que possam de alguma forma atrair para uma leitura com um cunho mais próximo da realidade das crianças.
Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Era uma vez a questão racial: os livros de Literatura no processo de construção de identidades" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 10/05/2024 às 13:12. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/etnicoracial/index.php?pagina=4