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O Perfil do Jovem Estudante do Ensino Fundamental e Médio da Cidade de Imperatriz (página 2)


 
JUVENTUDE E INSTITUIÇÃO ESCOLAR EM IMPERATRIZ: uma relação a serviço de quem?

Falar do jovem na atualidade é uma tarefa complexa, pois existem diversas dimensões. Neste trabalho, direcionamos nosso olhar a partir da família e da escola, como principais instituições responsáveis pela formação da personalidade da juventude. Nessa relação, família e escola, focamos nosso olhar para os processos políticos e pedagógicos que permeiam todo o processo e dos quais dependem a permanência ou não do jovem na escola.

Compreendemos a família como instituição primeira na formação da personalidade do sujeito, pois é nela que incorporamos nossas primárias concepções de mundo e de sujeito para só depois absorver as influências dos outros aparelhos ideológicos do Estado. O meio local e as vivências também são determinantes para a vida do jovem. Falando de jovens das classes populares  entendemos que a pobreza é um fator decisivo na vida da nossa juventude, pois ela é sinônimo de vários outros problemas sociais, como a violência, o desemprego e a ociosidade. Esses jovens acabam repetindo a mesma história de vida dos seus pais que, geralmente, foi marcada pela falta do acesso à escolarização, ao fracasso escolar, abandono da escola para trabalhar garantindo assim sua sobrevivência ou porque a mesma não tinha nenhum significado para seu cotidiano imediato.

Com a expansão da oferta da educação básica a partir da década de 1990, as oportunidades de acesso se expandiram e hoje podemos afirmar que em Imperatriz temos vagas em escolas públicas para todas as crianças e jovens de nossa cidade. Com a garantia desse acesso, hoje as escolas recebem alunos das classes populares, pois outrora essa mesma escola e mais especificamente o ensino médio era privilégio apenas das elites, onde a instituição chamada escola servia para preparar seus alunos para o ingresso no ensino superior. Com a mudança da oferta de vagas, a escola hoje é formada por um público bem heterogêneo, esses alunos trazem consigo um contexto de desigualdade social, altos índices de pobreza e violência, como acima mencionados; constituindo-se um universo complexo de relações na escola que agora não pode ser mais exterior a instituição escolar, mais sim compondo a teia de relações da mesma. É notável a expansão da educação básica em termos quantitativos, mas e a cultura da escola? Será que mudou ou ainda continua a escola das elites, que ignora o contexto social do aluno e não o incorpora como ponto de partida para contextualização do conhecimento elaborado. Aqui está um dos grandes problemas da escola atual: saber lidar com as diferenças, respeitando e valorizado cada sujeito na sua individualidade, porém, fazendo a síntese da realidade e cultivando os valores coletivos, tão banalizados na sociedade neoliberal.

Esse caráter elitista da escola é o que sustenta a manutenção de currículos  tão distantes da realidade, esse pode ser um dos fatores que somados a outros podem justificar o fracasso escolar fazendo com que o jovem seja uma isca fácil para o mundo do crime e envolvimento com drogas. Essa foi uma das constatações da nossa pesquisa. Em relação às drogas lícitas, pois 53% dos alunos entrevistados a partir de 12 anos já experimentaram bebidas alcoólicas e cigarro. Quando a escola não consegue socializá-lo, o jovem vai à busca de outro grupo que confirme a sua identidade enquanto pessoa.
A nossa pesquisa mostrou que os jovens que estão na escola têm a visão que a função da mesma e da educação na atualidade devem ser propedêutica, para o mercado de trabalho e para uma futura profissão. A escola é vista como ponte de mobilidade social , principalmente para os jovens das classes populares. Essa visão de escola e educação deve ser tratada com muito cuidado assim como nos esclarece Romão:

[...] pode-se pensar que nem a escola pode se arvorar em resolver todos os problemas do desenvolvimento econômico com justiça social (messianismo), nem pode ser condenada a impotência (niilismo), mas recapturada como um dos instrumentos de intervenção na sociedade, com vistas à mudança do sentido das determinações sociais para o interesse da maioria (ROMÃO, 2007, p. 77).

A partir de nossa síntese e ao longo de nossa caminhada acadêmica compreendemos que existem apenas duas formas de educar: uma que defende a manutenção das estruturas sociais e outra que defende a mudança dessas mesmas estruturas . Com isso, mesmo que se eduque a partir da segunda concepção, não podemos responsabilizar a escola como única instituição que poderá, por si só, fazer justiça social, dando trabalho e condições de vida digna para nossa juventude, na verdade isso é um engodo do discurso neoliberal.

A relação professor aluno hoje também precisa de novos significados. Um deles é o rompimento com o autoritarismo que é tão condenado no discurso dos educadores, todavia, que ainda hoje é predominante nessas relações. Constamos, na pesquisa, que parte das angústias sentidas por eles é o fato de os professores condenarem suas atitudes sem nem ao menos ouvi-los. 

A cultura das relações de poder da instituição escolar, por parte do professor, era legitimada pelo papel que ele ocupava na atualidade, o professor é quem precisa constituir sua própria legitimidade entre os alunos. Esse autoritarismo gera a cultura da rebeldia e da agressividade por parte dos jovens. Observamos em nossa vivência que esse autoritarismo se constrói, muitas vezes, como única condição de controle do professor frente aos alunos, pois o sistema escolar não consegue dar conta de envolver os jovens nos processos educacionais.

O papel do professor, mesmo envolvidos com todos os seus dilemas (profissionais, sociais, políticos e ideológicos), é importante na conscientização política e ideológica dos jovens buscando resgatar valores, que contribuam no engajamento pela defesa e conquistas de direitos, por uma educação de qualidade e oportunidades para todos. Nesse contexto, a escola, para atender as necessidades do jovem na atualidade, precisa estabelecer relação com a condição do jovem e ela mesma, a utilidade social dos seus estudos, o sentido das aprendizagens e seus projetos de futuro.

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Como referenciar: "O Perfil do Jovem Estudante do Ensino Fundamental e Médio da Cidade de Imperatriz " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 24/10/2025 às 10:43. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/juventudeimperatriz/?pagina=1